sexta-feira, 28 de maio de 2010

Dilma Rousseff e mensaleiro José Dirceu atacam Serra, por causa da cocaína da Bolívia

A neopetista Dilma Rousseff baixou nesta quinta-feira, em Gramado, decidida a acusar José Serra, candidato do PSDB, por causa de sua declaração sobre a cumplicidade da Bolívia no tráfico de cocaína para o Brasil e na destruição de milhares de vidas de brasileiros pelo consumo de crack produzido a partir da pasta de coca boliviana. José Serra também foi atacado pelo mesmo motivo pelo mensaleiro petista José Dirceu (réu no processo penal nº 470 do Mensalão do PT, e deputado federal cassado por corrupção). Dilma Roussef e José Dirceu acusaram Serra por criar um incidente diplomático com a Bolívia. Ora, conforme matéria da revista Veja, a ideologia oficial do presidente boliviano, o índio cocaleiro trotskista Evo Morales, é promover o uso tradicional da coca. Não há país na América Latina em que o discurso politicamente correto e demagógico possa produzir resultados tão desastrosos quanto a Bolívia. Não há país da região que possa ser tão afetado por causa disso quanto o Brasil. No poder desde 2006, Evo Morales prega uma versão local do socialismo, o indigenismo e o bolivarianismo. Os resultados foram vistos quando ele nacionalizou as refinarias de gás pertencentes à Petrobras. Outro recurso natural que Morales defende com veemência é a coca, planta típica da região andina usada desde os tempos pré-colombianos. A folha é mascada pelos bolivianos ou macerada no chá - aumenta a resistência à altitude e ao trabalho braçal, embora em nada se compare aos efeitos eufóricos do seu derivado mais poderoso e deletério, a cocaína. O presidente da Bolívia trabalhou como plantador de coca e já mascou as folhinhas até em encontro da ONU em Viena. Na nova Constituição escrita sob seu comando, a planta ganhou o status de “recurso natural renovável da biodiversidade da Bolívia e fator de coesão social”. Nenhum problema, exceto pelo fato de que as folhas destinadas ao uso proibido, como matéria-prima do crack e da cocaína, ultrapassam vastamente as do uso permitido e tradicional. Em quatro anos, a produção de pasta-base de coca e de cocaína na Bolívia aumentou 41%. A maior parte é traficada para o território brasileiro, onde abastece o vício, a criminalidade e a corrupção. Muita droga entra no Brasil, proveniente dos vizinhos produtores e destinada a outros consumidores, mas a que fica é, majoritariamente, a boliviana, de pior qualidade. Das 40 toneladas de cocaína consumidas anualmente no país, mais de 80% são da Bolívia. Evo Morales já foi reeleito, praticamente sem oposição. A vida da maioria dos bolivianos melhorou muito pouco, ou nada, mas o estilo populista e a identidade aimará - um dos grandes grupos indígenas da Bolívia - alimentam a sua popularidade. A defesa da coca também. O principal reduto eleitoral de Morales é a região do Chapare, onde está a maior parte do cultivo da coca. Foi lá que ele fez carreira política ao lutar contra a erradicação das plantações. Com bloqueios nas estradas e protestos, ajudou a derrubar dois presidentes. Mesmo depois de eleito, manteve o cargo de chefia de seis federações de cocaleiros. No discurso, ele diz que é a favor da coca e contra a cocaína. Na prática, mais de 95% das folhas cultivadas no Chapare viram droga. Para atender ao uso tradicional, bastariam 7 000 hectares. Morales já anunciou que o limite legal deveria ser de 20 000 hectares. “O presidente prometeu que ampliaria os cultivos de coca e está cumprindo”, constata Franklin Alcaraz, diretor do Centro Latino-Americano de Investigação Científica (Celin) e autor de um trabalho sobre a receita proporcionada pela folha de coca, legal e ilegal. A mais drástica medida adotada como parte da política de promoção da coca foi expulsar a agência antidrogas americana, a DEA, sob a falsa acusação de fomentar o golpismo. A agência auxiliava a Força Especial de Luta contra o Narcotráfico, unidade da polícia boliviana responsável pela erradicação de cultivos e laboratórios ilegais. A DEA completava o salário dos policiais, pagava a conta do telefone e o combustível dos veículos. Arcava com custos de treinamento e até de uniforme. Com a FELCN fora de ação, os resultados foram previsíveis. “Como a produção de coca aumentou e o combate diminuiu, é claro que mais droga entraria no Brasil”, diz o delegado Luiz Castro Dórea, coordenador de repressão a entorpecentes da Polícia Federal. Desde que Morales tomou posse, a apreensão de cocaína pela Polícia Federal em Mato Grosso do Sul quase dobrou. Em Mato Grosso, quadruplicou. Para compensar a expulsão da DEA, a Polícia Federal fez acordos com o governo boliviano para treinar policiais e trocar informações. “Nós podemos ajudá-los, mas é impossível substituir o trabalho que era feito pela DEA”, diz Dórea. No Chapare, o programa antidrogas agora extinto também tinha um braço social, através da Usaid, que financiava projetos sociais e promovia a plantação de abacaxi, cacau, café, melão e banana, voltados para exportação. A idéia era dar aos paupérrimos camponeses da região uma via de saída do cultivo da coca. Em qualquer país é difícil incentivar esse tipo de substituição, mas na Bolívia foi impossível. No ano passado, os cocaleiros expulsaram a Usaid. Em um ano, as exportações de frutas da região caíram 41%. A Bolívia sempre foi movida a pó e já teve governos inteiros dominados pelo tráfico. Devido às condições rudimentares, a produção ilegal chegava em geral até o estágio da pasta de coca, que precisa ser refinada em diversas etapas, com produtos químicos, para a obtenção da cocaína. Desde 2007, a atividade de refino tem se propagado em fábricas clandestinas com tecnologia trazida pelos maiores especialistas no assunto: os traficantes colombianos. Seus rivais em brutalidade e conhecimento do ramo, os mexicanos, também estão prospectando o território. Em seus países, o tráfico em alta escala provocou níveis de criminalidade e de destruição das instituições que ameaçaram a própria existência da sociedade. Apesar desse quadro de tragédia, a candidata petista disse: “Não é possível, de forma atabalhoada, a gente sair dizendo que um governo é isso ou aquilo. Não se faz isso em relações internacionais. Este não é o papel de um estadista ou de quem quer ser estadista”. Também José Dirceu decidiu se manifestar, o que mereceu grande destaque no Estadão Online. Sempre que um homem como José Dirceu fala, os grandes jornais dão atenção. Não é de estranhar. O editor de Videversus, jornalista Vitor Vieira, afirma com toda certeza: ingresse em uma redação brasileira, de jornal, rádio ou televisão, e pesquise quem ainda não consumiu cocaína. A mesma coisa acontece no mundo artístico. Então, defender uma nação produtora de cocaína é muito natural para esse pessoal, que gosta do lado onírico. Essa é a razão pela qual amplificam tanto as críticas feitas a José Serra por seus adversários, por ter cometido o crime de apontar quem produz um drama fantástico no Brasil, a Bolívia, com sua política de incentivo à produção da cocaína, que acaba no crack nas ruas das cidades brasileiras.

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