sexta-feira, 7 de maio de 2010

Do jornalista Reinaldo Azevedo - OI, INTERNAUTAS - Após gafes na internet, Marcelo Branco pode deixar campanha de Dilma

Lembram-se daquele vídeo em que Marcelo Branco fica lendo o teleprompter como se fosse o ventríloquo, enquanto o som parece sair da boca do boneco? É aquele em que Dilma, ao falar sobre Vidas Secas, faz uma síntese errada da obra e ainda fala da migração de pessoas “DO Nordeste PARA o Brasil”. Pois é… Acabou gerando uma crise na casa de sinhá. Tentaram dar sumiço no filme, mas foi recuperado pela rede. Ele é histórico porque marca o momento de criação do imortal bordão “Oi, internautas”. Foi esta página que revelou aqueles momentos explícitos de profissionalismo, sabedoria e rigor técnico. No dia 4 deste mês, lancei a internacional campanha “Fica, Marcelo Branco, fica!!!”. Antevi que tentariam defenestrar o visionário. Abaixo, relembro a primeira parte do vídeo. Em seguida, retomo com trecho de reportagem de Maria Lima e Gerson Caramarotti, em o Globo. Querem tingir de vermelho a cabeça de Branco. E isso não pode acontecer! O rapaz é competente: em um mês, ele conseguiu aparecer na rede mais do que Dilma. E sempre na vanguarda: inovou o padrão de entrevistas, inovou a gramática da Inculta & Bela e renovou o guarda-roupa de Woodstock. Ele tem de ficar! Entrem nesta corrente. Seguem o vídeo histórico e trechos da reportagem de O Globo.
Apresentado há um mês como uma espécie de papa dos estrategistas de redes sociais da campanha petista, o especialista de internet Marcelo Branco corre o risco de ser o primeiro a ser demitido da equipe da pré-candidata Dilma Rousseff. Integrantes da coordenação de campanha avaliam que a situação de Branco ficou insustentável depois dos sucessivos erros e das confusões aprontadas pelo guru virtual na página pessoal de Dilma. Alvo das maiores críticas, o programa “Fala Dilma”, exibido na internet, está suspenso desde o dia 29, e, quando voltar, já estará em novo formato, mostrando reportagens e a agenda da candidata, em vez de entrevistas ancoradas por Branco. No último “Fala Dilma” para rádios, dia 29, Dilma falou sobre o número de trabalhadores com carteira assinada. O formato de perguntas ensaiadas e respostas lidas não se adequou à linguagem de rádio. Mas a maior polêmica foi provocada pela veiculação de um vídeo com uma entrevista de Dilma sobre cultura, feita por Branco e pela apresentadora Carla Bisol. Na entrevista, que seria para treinamento de Dilma em frente às câmeras, a pré-candidata cometeu gafes, como dizer que nordestinos migravam “do Nordeste para o Brasil” . O vídeo, considerado amador por expor a candidata a situações pouco elegantes, foi postado no site www.dilmanaweb.com.br. A queixa geral entre petistas é que era uma entrevista para treinar a candidata e que jamais deveria ter sido exibida. Branco é acusado de não ter feito uma análise criteriosa da entrevista antes de colocá-la no ar. Com isso, o programa “Fala Dilma”, anunciado como sendo diário, de segunda a sexta-feira, não passou do terceiro episódio. Coordenadores políticos da campanha de Dilma não escondem a irritação e a preocupação com o desempenho do coordenador de internet. Ele já levou uma advertência interna, para ser mais discreto e evitar polêmicas, depois de fazer críticas públicas à TV Globo por causa da propaganda de 45 anos da emissora , que, segundo petistas, poderia parecer campanha indireta do tucano José Serra. A cúpula petista também não gostou da propaganda da TV, mas considerou equivocada a forma como Branco conduziu o processo. Segundo um dos coordenadores de campanha, a única resistência para a demissão de Branco, no momento, é que a decisão poderia explicitar a existência de problemas internos na equipe de Dilma. A avaliação reservada é que, além causar problemas, ele tem um estilo vaidoso e quer aparecer mais que a candidata, o que acaba expondo Dilma. Outra crítica constante é que Branco tem feito seu trabalho de forma independente, sem sintonia com o marqueteiro João Santana. Mas o problema pode não ser apenas com o coordenador de internet. Já há consenso de que é preciso ajustes no rumo da campanha de Dilma. Petistas mais influentes criticam a divisão de funções entre marketing e comunicação - Santana responsável pela primeiro, e o deputado estadual paulista Rui Falcão com a segunda -, o que tem causado ruídos. O próprio presidente Lula passou a defender internamente que Santana tenha ascendência completa sobre a área de comunicação. Foi o que ocorreu na campanha de 2002, quando o marqueteiro Duda Mendonça comandou toda a estratégia de comunicação da campanha de Lula. E também em 2006, quando Santana assumiu esse papel. Mas os próprios petistas reconhecem que, desta vez, o poder de Santana será limitado, já que Rui Falcão, que tem grande influência no PT, assumiu mesmo o comando da comunicação da campanha, o que inclui toda a estratégia de imprensa.

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