sexta-feira, 18 de junho de 2010

Executivo-chefe da BP se defende no Congresso americano

Tony Hayward, executivo chefe da petroleira BP, falou durante menos de dez minutos à Comissão de Energia da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos sobre o desastre ambiental do vazamento no golfo do México. "Quando soube da morte de 11 pessoas, fiquei pessoalmente devastado", disse ele: "Fui ao funeral. Só posso imaginar a dor das famílias". Grande porcaria, como se a sua presença no funeral dos mortos da explosão da plataforma marítima Deepwater Horizon varresse toda a culpa da companhia e dele próprio no desastre. Ele dispensou a possibilidade de ser representado por advogado na audiência, mas manteve o direito de consultar um especialista técnico. Ao menos cinco assessores estavam sentados logo atrás de Hayward, que ficou sozinho em uma larga mesa reservada às testemunhas. De aparência abatida, como um se fosse um verdadeiro ator, ele começou a falar em tom tão baixo que teve de ser interrompido pelos deputados para que elevasse a voz. Tony Hayward insistiu em que os esforços de recuperação estão no curso certo e que "até a Guarda Costeira reconhece que montamos a maior operação de contenção e limpeza da história". De novo, grande porcaria, pode ser a maior operação da história, e é, somente porque a companhia produziu o maior desastre ecológico nos mares na área da exploração petrolífera. A sala lotada, com jornalistas ocupando mais da metade das cadeiras e fotógrafos forrando o chão em frente ao executivo, não tirava os olhos de Hayward. Antes disso, porém, uma mulher sentada na última fileira da sala de audiência se levantou e começou a gritar. Com as mãos pintadas de preto, dizia: "Olhe! É assim que estão as pessoas no golfo. Você tem de ser acusado! Tem de ir para a cadeia!" Tony Hayward foi duramente criticado durante a sabatina no Congresso. Representantes apresentaram a lista de gafes cometidas por Hayward, incluindo sua frase "quero minha vida de volta", enquanto milhões de litros de óleo continuavam vazando no golfo do México. As estimativas da quantidade de óleo derramada, inicialmente divulgadas pela BP, também foram criticadas: no início 1.000 barris por dia, depois 5.000, 15 mil e agora cerca de 60 mil, segundo cientistas independentes. Nos primeiros 30 minutos da sabatina, algumas viúvas dos 11 funcionários mortos após a explosão da plataforma Deepwater Horizon também depuseram por meio de uma gravação. Elas pediram que o governo altere as leis de prospecção em águas profundas para evitar que desastres desse tipo ocorram no futuro. Durante todo esse tempo, Hayward se manteve impassível. O executivo-chefe da BP, Tony Hayward, recebeu US$ 4,7 milhões de salário total em 2009, incluindo bônus por performance e outras formas de compensação.

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