domingo, 13 de junho de 2010

Procuradora diz não saber como menina sob sua guarda se feriu

A procuradora aposentada Vera Lúcia Gomes, de 66 anos, negou ontem, em audiência na 32ª Vara Criminal do Rio de Janeiro ter agredido a menina de dois anos que pretendia adotar. Ela disse desconhecer a origem dos ferimentos na criança, constatados por conselheiros tutelares em inspeção à casa da procuradora no mês de abril, quando ela ainda detinha a guarda provisória da menina. A audiência, que durou cerca de dez horas, foi realizada a portas fechadas. A procuradora admitiu apenas ter xingado a menina, pouco mais do que um nenê. Em gravações, ela aparece chamando a criança de "cachorrinha", entre outras ofensas. Ela é acusada de tortura. "Há apenas um fato verdadeiro na denúncia. Eu realmente xinguei a menina por estar muito nervosa. Me arrependo profundamente. Nunca bati nela, nunca a agredi. O resto é culpa da imprensa, que vem fazendo sensacionalismo com o caso. Já me sinto julgada e condenada pela mídia. Hoje sou jurada de morte. Nem no presídio posso circular livremente", disse a procuradora, que está presa preventivamente desde 13 de maio. Entre as testemunhas de acusação estavam quatro mulheres que trabalharam na casa da procuradora, em Ipanema, zona sul do Rio de Janeiro. Uma delas contou que a procuradora batia fortemente no rosto da criança quando ela não respondia ao seu bom dia, se assustava com os bichos da casa ou não queria comer. Três diaristas que ficaram menos tempo na casa confirmaram as agressões. Uma delas, que trabalhou para a procuradora por apenas um fim de semana, disse ter visto a menina ficar com a boca sangrando após ser atingida por um tapa da procuradora. A quinta testemunha de acusação a depor foi uma psicóloga que foi à casa da ré em Ipanema com a equipe interdisciplinar do Juizado para verificar a denúncia de maus tratos à criança. Ela disse que encontrou a menina sentada em uma cadeira inadequada para a sua idade, comendo comida fria, com o rosto desfigurado e os olhos muito inchados. A psicóloga relatou que perguntou a ela quem tinha provocado aqueles ferimentos e que a criança respondeu que tinha sido "a mamãe". Perguntou novamente, e a vítima repetiu ter sido a "mamãe Vera".

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