segunda-feira, 19 de julho de 2010

Serviço de coleta de lixo em Porto Alegre na iminência de colapso

Os moradores da capital gaúcha estão na iminência de se verem soterrados por milhares de toneladas de lixo (Porto Alegre produz diariamente cerca de 1.200 toneladas de lixo, ou um milhão e 200 mil quilos). Ocorre que é iminente o colapso da empresa que faz a coleta do lixo em Porto Alegre, a Qualix. Esta empresa, na quinta-feira, ao meio dia, teve rescindido seu contrato pelo prefeito de Cuiabá (Mato Grosso), Chico Galindo (PTB). O prefeito foi obrigado a rescindir inesperadamente o contrato da empresa diante do colapso da Qualix, que deixou de enviar às ruas os seus caminhões para o recolhimento de lixo, por falta de óleo diesel para abastecer os veículos, e pela total falta de crédito no mercado. A Qualix vinha operando em Cuiabá já no quinto contrato emergencial consecutivo. Na semana passada, o Tribunal de Contas do Mato Grosso determinou a anulação da licitação que estava sendo promovida pela prefeitura de Cuiabá. Este é o truque mais manjado de administrações municipais em todo o Brasil. Simulam licitações que são anuladas, ou pelos Tribunais de Justiça, muitas vezes por concorrentes previamente acertados para isso, ou pelos Tribunais de Contas, estes mais raramente. O objetivo é a manutenção dos contratos por aditamentos emergenciais, nos quais sempre há majoração dos preços. A cidade gaúcha de Canoas, na Grande Porto Alegre, administrada pelo petista Jairo Jorge, ex-chefe de gabinete do Ministério da Educação na gestão do peremptório petista Tarso Genro, é uma dessas que vem fazendo renovações emergenciais de contratos de limpeza com a empresa lixeira Vega Ambiental. Não bastasse isso, o prefeito petista Jairo Jorge comete um crime, quando deixa sem conserto a balança de pesagem do lixo. Ou seja, ele paga a Vega Ambiental sem pesar o lixo. Não é mesmo um negócio da China? Há mais de 20 dias o lixo estava se acumulando em vários bairros de Cuiabá, porque a Qualix só fazia a coleta em parte da cidade, devido à sua precariedade econômica. Até que, a partir de quinta-feira, deixou o lixo se acumulando em toda a cidade. E agora, sim, emergencialmente, a prefeitura precisou assumir a coleta por conta própria, com caminhões basculantes não apropriados para a coleta. O último contrato emergencial feito com a Qualix pela prefeitura de Cuiabá previa que a empresa disponibilizaria 16 caminhões para os trabalhos de coleta do lixo, mas apenas 12 estavam funcionando nos últimos dias, com os demais fora de operação por quebra mecânica, falta de peças e manutenção. O editor de Videversus, jornalista Vitor Vieira, recebeu informações de São Paulo altamente preocupantes durante a semana passada. Na sexta-feira, outras fontes, em Porto Alegre, asseguraram ao editor de Videversus que a situação da Qualix também na capital gaúcha é de quase completa insolvência. A empresa não paga seus fornecedores há no mínimo 90 dias. Por essa razão, a Qualix em Porto Alegre não tem mais suprimentos de peças e equipamentos para manter seus caminhões contratados em funcionamento. Na última sexta-feira, pela manhã, conforme a informação recebida por Videversus de uma das suas fontes, a frota da Qualix, assim como aconteceu como os aviões da Varig e da Vasp, passou por um processo de "canibalização". Ou seja, nove caminhões foram colocados sobre cavaletes metálicos e tiveram retirados pneus e outros equipamentos, para que os restantes pudessem continuar funcionando. Dessa forma, mais um ítem contratual teria sido violado, porque a empresa ficou sem caminhões para eventuais substituições, o que é uma obrigação do contrato. Na última quarta-feira, em São Paulo, o controle da Qualix, ou do que resta dela, que pertencia ao grupo Macri (da família do prefeito de Buenos Aires, dona do clube de futebol Boca Juniors), foi repassado: 60% passaram para uma empreiteira de Mato Grosso. Essa parcela foi repassada pelo valor simbólico de um real, em troca de uma dívida de cerca de 300 milhões de reais. Os restantes 40% foram entregues para dois ex-executivos da Qualix, que os repassaram para um fundo de investimentos. Na última composição societária da empresa, comentada nos meios especializados em São Paulo, existe a informação de que este fundo investidor assumiu também parcela da empresa matogrossense, dominando agora 75% da Qualix. Os fornecedores da Qualix em Porto Alegre, que passam por grandes dificuldades econômicas, sem receber há 90 dias ou mais, não conseguiram nesse período sequer conversar com qualquer funcionário ou executivo da Qualix em São Paulo, onde ficavam centralizados os pagamentos, porque até os telefones da empresa tinham sido cortados também por falta de pagamento. A diretoria do DMLU (Departamento Municipal de Limpeza Pública), composta em sua maioria por membros do PMDB ligados ao deputado estadual Luiz Fernando Zachia e ao vereador Sebastião Melo, é totalmente responsável por esta situação, porque foi absolutamente conivente com a Qualix nos últimos meses, enquanto a empresa dava sinais eloquentes de seu progressivo colapso. Por exemplo: há muitos meses a Qualix despachava os seus caminhões para as ruas com uma guarnição de apenas dois garis (como se comprova na foto), fraudando o contrato que previa a obrigação de colocação de três garis. Essa é uma das pequenas questões. Nessa incompetência generalizada, os dirigentes peemedebistas do DMLU tiveram o concurso dos muito omissos auditores externos do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, que não auditam coisa alguma de importância. E nem vamos falar do Ministério Público Estadual. Há uma consistente denúncia sobre desmandos na área ambiental no Rio Grande do Sul que dorme nas gavetas do Ministério Público na rua Santana. Agora é uma questão de horas para o desastre ambiental e na área de saúde na capital portoalegrense. Cuiabá foi o anúncio mais eloquente que poderia acontecer. A Qualix tem mais de 1.100 protestos nos serviços Serasa, por falta de pagamento, conforme resultado de consultas realizadas na última semana, e um número incalculável de ações trabalhistas e pedidos de falência.

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