sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Alemães protestam contra projeto ferroviário subterrâneo em Stuttgart

Milhares de alemães protestaram contra custos públicos excessivos de controvertido projeto ferroviário. O Stuttgart 21 é um projeto controverso. Ao custo de 4,1 bilhões de euros, visa transformar o terminal ferroviário da cidade em uma estação subterrânea, ligada através de um túnel tanto ao aeroporto quanto à linha de trens expressos para a cidade de Ulm. A modificação da estação central faz parte do grande remanejamento da rede ferroviária da cidade, apresentada por seus mentores como o maior projeto de infraestrutura da Europa. Os defensores do remanejamento alegam que ele reduzirá a duração das viagens de trem, além de criar 4 mil postos de trabalho e atrair investimentos de até 8 bilhões de euros. Como exemplo, eles citam os prédios residenciais e comerciais, em excelente localização no centro de Stuttgart, que serão construídos quando forem retirados os 100 hectares de trilhos. Os opositores do projeto criticam seus custos, que afirmam poder alcançar até 11 bilhões de euros, indo além dos estimados 7 bilhões de euros. Além disso, a companhia ferroviária Deutsche Bahn se nega a apresentar sua previsão de lucros ao Parlamento, alegando defesa de interesses empresariais. Políticos do Partido Verde exigem que sejam suspensas as verbas públicas para o Stuttgart 21, caso a Deutsche Bahn mantenha essa posição. Nas últimas semanas foram realizadas em Stuttgart numerosas manifestações contra o projeto, que se acirraram com o início dos trabalhos de demolição da antiga estação, na última quarta-feira. Milhares de manifestantes reuniram-se no local, impedindo a ação do corpo de bombeiros e de equipes de resgate. Alguns ativistas ocuparam o telhado da ala norte da estação, enquanto 200 outros interromperam o tráfego em pontos importantes do centro da cidade. Na quinta-feira, cerca de 200 manifestantes voltaram a protestar diante da estação. Agravando as controvérsias, a revista Stern publicou na quarta-feira uma entrevista com o arquiteto Frei Otto, que abandonou o gigantesco projeto há cerca de um ano. Ele apontou graves falhas de segurança e perigo de inundações no local, instando as autoridades competentes a "puxarem o freio de mão", por se tratar de uma questão "de vida ou morte". O famoso arquiteto de 85 anos de idade conjecturou que, durante as obras, as camadas de gesso com alto componente de anidrido do solo de Stuttgart poderão se inchar de água, formando cavidades ou crateras incontroláveis. É ainda possível que a estação emerja do solo, "como um submarino do mar". Segundo a Stern, um pouco conhecido relatório geológico de 2003 confirma os temores do arquiteto.

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