quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Estre Ambiental e Haztec acertam fusão

A Estre Ambiental e a Haztec Soluções Integradas anunciam hoje um acordo de fusão que criará a maior companhia de engenharia ambiental do país, em valor de faturamento. Juntas, elas terão uma receita bruta neste ano de R$ 1,1 bilhão, cerca de 40% mais do que estima faturar a principal concorrente no setor, a empresa Foz do Brasil, do grupo Odebrecht. Wilson Filho, que tem 84% do capital da Estre Ambiental, ficará no comando da nova companhia, cujo nome ainda será escolhido. Seus novos sócios são os fundos FIP InfraBrasil, administrado pelo Santander, BBI Multimercado Plus, do Bradesco, e a Synthesis, do empresário Paulo Tupynambá, criador da Haztec. As duas empresas contam com um portfólio de 17 aterros sanitários, que recebem cerca de 40 mil toneladas de lixo por dia. A lista de clientes ultrapassa os três mil, sendo 75% deles empresas do setor privado e estatal, com nomes de peso como Petrobras, Vale, Basf, Vicunha, HP, AmBev, Cosipa, entre outros. Dos 25% de clientes do setor público, o destaque fica para a cidade do rio, que destina seu lixo aos aterros da Haztec. Além disso, 20% do faturamento é oriundo dos serviços de tratamento de água para os processos industriais das empresas. Na parte de energia, a empresa tem a Biogás, recém-comprada pela Haztec e que vai gerar 70 MW a partir dos gases produzidos nos aterros. Também tem contratos de serviços de biorremediação de solos contaminados e manipulação de lixos perigosos. Só com a Petrobras, a Estre tem um contrato de 700 milhões pelos próximos três anos para remediar solos que a empresa possui no Sudeste do País. Os detalhes das participações dos sócios na fusão ainda estão sendo acertados, mas já está definido que a Estre ficará com 58% da nova empresa e a Haztec com 42%. Além de Quintella Filho, a Estre tem como sócios Gisele Moraes e o fundo de investimentos em participações (FIP) AG Andra. Hoje, o AG tem ações de uma das empresas controladas da Estre, mas passará a ser sócio na holding. Do lado da Haztec, o empresário e físico Paulo Tupynambá, por meio da Synthesis, ficará com uma participação acionária reduzida na nova companhia e deve seguir como uma espécie de conselheiro nos negócios. A união vai permitir uma complementariedade dos negócios da Estre, principalmente na atividade de tratamento de água, onde a companhia não atuava. Cerca de metade do faturamento da Haztec vem da prestação de serviços para empresas em seus processos industriais e a própria empresa é que fornece os equipamentos para a montagem de estação de tratamento dentro das companhias. As duas se completam também geograficamente. Ambas atuam no País todo, mas a Estre tem maior penetração no Estado de São Paulo, e a Haztec, no Rio de Janeiro. Apesar de a união ainda estar sendo concretizada, os planos de expansão já traçados continuam em andamento, principalmente em função da nova lei do lixo que obriga as empresas ao recolhimentos de produtos descartáveis, chamada de logística reversa. A Estre também está investindo em um projeto de valorização de resíduos para a geração de energia ou de combustível para a indústria. A empresa comprou uma máquina separadora, de última geração, por R$ 35 milhões que a partir de outubro entre em operação. Essa máquina é capa de separar não só metal de produtos plásticos, como também isolar esse material do lixo orgânico, só pelo peso. Conhecida como "dinossauro", pela sua aparência, a máquina é capaz de triturar qualquer tipo de material em pequenos quadrados de três centímetros. A idéia da Estre é vender parte do material para a indústria cimenteira, que pode usá-lo como substituto do coque. Mas a função da máquina vai além. O lixo reciclável que não é adequadamente separado e chega contaminado por produtos orgânicos normalmente seria todo destinado ao aterro sanitário. Com a máquina separadora, a estimativa é de que apenas 45% do lixo que entra na máquina seja destinado ao aterro. Desta forma, será possível dar sobrevida aos próprios aterros. Em Paulínia, por exemplo, onde está hoje o principal aterro da Estre (na foto), a vida útil será ampliada de 10 anos para 15 anos.

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