domingo, 8 de agosto de 2010

Ex-petista e ex-diretor da Previ mostra como funciona a fábrica de dossiês petralhas

Ex-diretor e ex-assessor da presidência da Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil), Gerardo Xavier Santiago disse em entrevista para a revista Veja que o fundo funciona como "fábrica de dossiês" contra a oposição do governo Lula e máquina de arrecadação para o PT. Gerardo Xavier Santiago foi gerente-executivo da Previ entre 2003 e 2007, sendo ligado diretamente ao ex-presidente do fundo, Sérgio Rosa, que deixou o cargo em junho de 2010. Gerardo Xavier Santiago saiu da Previ após brigar com Sérgio Rosa, em 2007, quando deixou o PT. Para revista Veja, ele afirma que o fundo é "um bunker de um grupo do PT" e que "a Previ está a serviço de um determinado grupo muito poderoso, comandado por Ricardo Berzoini, Sérgio Rosa, Luiz Gushiken e João Vaccari Neto". Um dossiê sobre a filha do ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi feito por essa ala do PT, ligada ao sindicalismo bancário. O Planalto atribui o dossiê ao grupo de Sérgio Rosa, que perdeu espaço na campanha de Dilma Rousseff. "Estranharia se na minha época tivessem me pedido coisa semelhante contra o Mantega. Uma coisa é fazer com o adversário. É uma involução do PT por causa da disputa interna", afirmou Gerado Xavier Santiago. Ele também disse que concedeu a entrevista à "Veja" há dois anos e confirmou as acusações à revista nesta semana, antes da publicação. O ex-diretor, que também já foi do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, disse que, além de montar dossiês, a Previ serviu a interesses do partido para aumentar a arrecadação. Segundo ele, a Previ montou uma rede de conselheiros ligados ao PT em empresas nas quais o fundo tem participação. A intenção era influenciar as doações das companhias para beneficiar o partido. Gerardo Xavier Santiago diz que o primeiro dossiê produzido por ele na Previ é de 2002, ainda no governo de Fernando Henrique Cardoso. O material deveria, diz ele, comprometer a gestão tucana e provar a ingerência do governo na Previ. "Dossiês com conteúdo ofensivo, para atingir e desmoralizar adversários políticos, só no governo Lula mesmo, na gestão do Sérgio Rosa", disse o ex-diretor para a revista Veja. Santiago lista os oposicionistas que teriam sido investigados com base em dados sigilosos, cujo acesso teria sido ordenado por Rosa: o senador Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA), já morto; o governador José Serra (PSDB) e o então presidente do DEM, Jorge Bornhausen. O ex-diretor diz na entrevista que reuniu denúncias sobre eles em 2005, na CPI dos Correios, e que Rosa solicitou "informações sobre investimentos problemáticos da Previ que estivessem ligados a políticos da oposição".

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