domingo, 19 de setembro de 2010

Governo Lula gastou 400 milhões com Tamiflu, mas só distribuiu um terço das doses

O Ministério da Saúde distribuiu até agora apenas um terço dos 14,5 milhões de tratamentos do Tamiflu adquiridos no ano passado para o combate à gripe A. Ele entregou 4,8 milhões de kits aos órgãos estaduais de saúde. O restante está armazenado. O Ministério alega que os medicamentos não usados passaram a integrar o estoque para casos de emergência. Esse estoque é suficiente para atender 20 milhões de pacientes, número que, segundo o ministério, segue recomendação do Center of Disesases Control dos Estados Unidos. Cada tratamento consome 10 comprimidos do remédio. A edição desta semana da revista Veja revelou que, em julho do ano passado, funcionários da Casa Civil receberam 200 000 reais de propina como consequência do negócio firmado entre o governo e a fabricante Roche. Dias antes, o Ministério da Saúde havia adquirido 8 milhões de tratamentos do Tamiflu ao preço de 34,7 milhões de reais. O Tamiflu é um antiviral. No ano passado, em meio à pandemia do vírus H1N1, o Ministério da Saúde comprou ao todo 105 milhões de comprimidos e 4 toneladas do medicamento em barril. Segundo o Ministério da Saúde, as compras foram feitas com base em um estudo epidemiológico. A conclusão foi a de que o Tamiflu era o único medicamento que cumpria os requisitos necessários para a distribuição imediata no País. Como já tinha registro no Brasil e protocolo para aplicação, o remédio foi adquirido por compra direta: sete aquisições entre abril e dezembro de 2009, ao preço total de 400 milhões de reais. O Ministério alega que o preço pago pelo Tamiflu foi 76% menor do que aquele autorizado para venda nas farmácias. Além da quantidade adquirida da Roche, o governo brasileiro produziu Tamiflu suficiente para atender 2 milhões de pessoas. O medicamento foi fabricado pela Fundação Oswaldo Cruz, a partir de um estoque que o governo brasileiro tinha do princípio ativo do remédio. No ano passado, foram registrados quase 28 000 casos de contaminação pelo H1N1 e 1.632 mortes causadas pelo vírus. Em 2010, foram 727 contágios e 91 mortes. O número de casos caiu depois da campanha de vacinação contra a doença realizada neste ano.

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