domingo, 19 de setembro de 2010

Uma impressionante conversa de Erenice, então braço-direito de Dilma Rousseff

A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra pretendia trabalhar como advogada quando saísse do governo e “ganhar dinheiro” apontando erros em processos contra investigados por corrupção. Foi o que ela confidenciou em conversa telefônica gravada, com autorização da Justiça, pela Polícia Federal no dia 14 de maio de 2008. Na época, Erenice ocupava o cargo de secretária-executiva da Casa Civil e era braço-direito da ministra Dilma Rousseff, hoje candidata à Presidência pelo PT. O alvo da escuta era o interlocutor dela no diálogo, o ex-ministro das Minas e Energia, Silas Rondeau, que havia sido exonerado do governo um ano antes, depois de a Polícia Federal acusá-lo de receber propina dentro do gabinete. Em 2008, Rondeau era também investigado pela Polícia Federal por suspeita de tráfico de influência em um esquema com o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Por isso o telefone dele tinha sido grampeado. Na conversa interceptada pela polícia, o ex-ministro tratava de uma terceira acusação: Rondeau havia sido denunciado pela Procuradoria da República ao Superior Tribunal de Justiça sob acusação de envolvimento em desvios de dinheiro de obras públicas. No telefonema, Erenice procurou acalmar Rondeau: “A denúncia não se sustenta, Silas. Um dia eu ainda vou sair daqui e ganhar dinheiro com essas coisas fora, viu? Fica tranquilo, que acho que isso vai resolver fácil, porque não se sustenta de jeito nenhum". Em seguida, acrescentou: “Eu fico completamente impressionada com a capacidade de instrução de inquérito falho que a polícia faz e a aceitação por parte do Ministério Público. É lamentável. Nós estamos vivendo uma disputa política e de politização do Judiciário, que é um negócio escandaloso”. A ligação partiu dela e foi feita do seu então gabinete na Casa Civil. Erenice disse que havia chegado a pensar no ex-ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, para defender o ex-colega de governo. Mas aconselhou Rondeau a manter José Gerardo Grossi como seu advogado, e não usasse os escritórios que os demais acusados estavam acionando. “Acho o seu mais experiente”, afirmou Erenice. Quando a conversa ocorreu, Erenice enfrentava a acusação de ter elaborado na Casa Civil um dossiê sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, documento que tinha como objetivo constranger a oposição e impedir a instalação da CPI dos Cartões Corporativos.

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