sábado, 16 de outubro de 2010

Em carta a religiosos, Dilma volta atrás e diz ser contra o aborto e defensora da família

Pressionada pelos segmentos religiosos, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, assinou uma carta em que afirma ser "pessoalmente contra o aborto". O documento não cita diretamente a polêmica em torno da união civil entre homossexuais e opta por compromissos genéricos em relação a outros temas-tabus sustentando que, se eleita, não pretende promover "nenhuma iniciativa que afronte à família". Na carta, Dilma afirma que se o projeto que criminaliza a homofobia, o chamado PLC 122, for aprovado no Senado, o "texto será sancionado nos artigos que não violem liberdade de crença, culto e expressão". O temor dos cristãos é que o projeto impeça sermões e pregações contra o homossexualismo. Em relação ao aborto, Dilma afirma que não partirá dela nenhuma iniciativa para legalizar o procedimento e que ela defenderá "a manutenção da legislação atual sobre o assunto", que só permite a prática em casos de estupro e risco de morte para a mãe. Antes de ser candidata, Dilma defendia abertamente a descriminalização da prática. Depois, ao longo da campanha, disse que pessoalmente era contra a proposta. Hoje, diz que repassará a discussão ao Congresso. Sobre o PNDH 3 (3º Plano Nacional de Direitos Humanos), que causou polêmica por tratar do aborto, legalização da prostituição e defender que hospitais conveniados ao SUS façam operação de mudança de sexo, entre outros pontos, Dilma diz que o programa é uma "ampla carta de intenções" e que está sendo revisto. Na verdade, esta última afirmação é uma completa inverdade, porque o PT não está revendo o plano, nem tem projeto de revê-lo. Dilma diz ainda que a família será o foco de seu eventual governo e que defende a liberdade religiosa. A redação da carta é uma saída para evitar desgastes para a petista que foi cobrada por religiosos para se declarar contra o casamento homossexual, a adoção de crianças por pessoas do mesmo sexo, além da regulamentação da função de profissionais do sexo. É o tipo da carta que anuncia intenções nas quais a autora não crê, e não pretende cumprir.

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