segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Fiscais relatam pressão política no Ibama feita pela irmã de Silvinho "Land Rover" Pereira

Fiscais do Ibama relataram à Procuradoria da República em São Paulo e a uma  sindicância interna a pressão política exercida pela superintendente do órgão no Estado, Analice de Novais Pereira, para livrar empresas de multas e embargos aplicados pela fiscalização do instituto. Filiada ao PT de Osasco (Grande SP) desde 1981, Analice, de 47 anos, é irmã de Silvio Pereira, ex-secretário-geral nacional do partido (conhecido como Silvinho "Land Rover" Pereira), já condenado no processo do Mensalão do PT. Ela comanda o Ibama paulista desde 2003. Antonio Paulo de Paiva Ganme, ex-chefe da fiscalização em São Paulo, apontou indícios de “uso político” do órgão na pré-campanha presidencial. Segundo ele, em abril, às vésperas da inauguração do trecho sul do Rodoanel, um carro-chefe da campanha do ex-governador José Serra (PSDB) à Presidência, seus superiores pediram uma fiscalização de emergência no local. Entre os casos levantados, há uma ação do deputado federal Vicentinho (PT-SP). Por e-mail, em dezembro de 2008, ele pediu que Analice de Novais Pereira atendesse a empresa sucroalcooleira Dedini para tratar de multa e embargo, aplicados no mês anterior, em obras de um porto da empresa. No dia seguinte ao e-mail, Analice Pereira assinou termo de desembargo parcial da obra. O deputado federal petista confirmou o envio do e-mail. “O advogado da Dedini é amigo meu de longa data e na época me pediu para que eles fossem recebidos para resolver pendências. Mas não sei o que aconteceu depois". Na sindicância, os fiscais disseram que o desembargo ocorreu “a toque de caixa, sem parecer jurídico prévio, para atender a solicitação do deputado”. A Dedini confirmou o encontro com Analice: “A Dedini realizou uma reunião técnica e oficial, apresentando relatório completo da situação referente à obra no porto de São Sebastião”. Os atritos entre os fiscais e o comando local do Ibama começaram em 2008, mas se agravaram em julho último, quando o órgão destituiu dois fiscais que, um dia antes, haviam embargado as atividades do porto de Santos, gerido pela Codesp, estatal do Ministério dos Transportes. Um dos atingidos foi Ganme. Na autuação, conforme relataram os fiscais, representantes da Codesp disseram ter amizade com Analice Pereira, para quem telefonaram. Em agosto, os dois fiscais, acompanhados de procuradoras federais do Ibama, prestaram depoimento ao procurador da República José Roberto Pimenta.

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