terça-feira, 5 de outubro de 2010

Pesquisa eleitoral do Datafolha é convertida em inquérito religioso policialesco pró-PT

O Datafolha registrou na segunda-feira no Tribunal Superior Eleitoral uma pesquisa, encomendada pela Folha e pela TV Globo, para o segundo turno da eleição presidencial, que ocorre no dia 31. Os questionários serão aplicados nos dias 7 e 8. Serão ouvidas 19.400 pessoas. O Datafolha quer saber as coisas de praxe: em quem o sujeito vai votar, em quem votou no primeiro turno, se o apoio de Lula a um candidato, e agora de Marina, altera a opinião do eleitor, a avaliação do governo Lula, etc. Mas, o Datafolha resolveu também querer saber o peso que a questão do aborto teve no primeiro turno e terá no segundo. Veja o questionário na imagem (clique para aumentar).
P.17-18 - Pergunta a religião do entrevistado (evangélico pentecostal, não-pentecostal, umbanda, candomblé, espírita, católico etc…);
p.19 - A Igreja orientou a NÃO votar em algum candidato? (mostra o cartão com os nomes);
P.20 - A pessoa mudou?;
P.21 - Se mudou, em qual dos candidatos deixou de votar (mostrar cartão);
P.22 -  Diz qual é o estatuto do aborto legal e pergunta se a pessoa é favorável à lei, à ampliação dos casos de aborto legal, ao fim da criminalização do aborto etc.;
P22ª -  A entrevistado recebeu orientação para não votar naquele candidato da P.19 por causa do aborto?
Digamos, só digamos, que se constate que uma porcentagem relevante de eleitores recebeu, sim, a orientação de suas respectivas igrejas. E daí? A eventual confirmação dessa hipótese, com a indicação da confissão religiosa, exporá as igrejas e os religiosos — padres, pastores e outros — à pressão; no caso, é evidente que será à pressão oficial. Não sejamos hipócritas: embora, até agora, só a Igreja Universal do Reino de Deus tenha orientado seus fiéis a votar na candidata Dilma, é evidente que essa pesquisa tenta confirmar uma hipótese: foi a migração do voto evangélico que impediu a vitória de Dilma no primeiro turno. O PT economiza um dinheirão. Datafolha, jornal Folha de S. Paulo e Rede Globo de Televisão está fazendo o serviço para o PT. Poderia ele mesmo encomendar a algum instituto uma pesquisa como essa, não é mesmo? O Datafolha decidiu fazer de graça. É claro que isso pode ser, sim, matéria de interesse até sociológico, mas não durante o processo eleitoral. Nesse período, a divulgação desses dados pode servir de bússola de campanha a um único partido: o PT. O interrogatório sobre igreja e o seu papel no voto do eleitor no primeiro turno equivale a perseguição religiosa. E isso é crime grave contra a Constituição brasileira. Não há mais advogados no Brasil?Não há mais partidos no Brasil? Não há mais promotores no País?

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