quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Procuradoria questiona operação da BNDESPar com empresa de Eike Batista

O procurador Marinus Marsico, do Ministério Público Federal, fez uma representação ao Tribunal de Contas da União em que recomenda a investigação de uma operação realizada entre BNDESPar e a LLX Logística, do empresário Eike Batista. Em abril do ano passado, o banco comprou R$ 150 milhões em ações da LLX por R$ 1,80. Em contrato, o banco deu aos acionistas da empresa a oportunidade de recomprar 50% destes papéis com base no valor original corrigido de IPCA (índice oficial de inflação) mais 15%, acrescido de um prêmio de 20%. Em agosto de 2009, os acionistas exerceram essa opção pagando R$ 2,30/ação. Nessa época, o preço médio de mercado era de R$ 4,44 (com base na cotação dos 60 dias anteriores). Marsico avalia que o banco cometeu um ato de gestão antieconômica ao incluir a cláusula de recompra e estima que o banco deixou de ganhar R$ 90 milhões com a operação. "O banco deixou de auferir um lucro extraordinário. O risco da operação ficou todo com o BNDES", disse o procurador. O procurador argumenta que a operação ocorreu em um período com cenário econômico adverso, em que as condições de crédito ainda não tinham sido plenamente restabelecidas, após o agravamento da crise econômica em setembro de 2008. "Não nos parece razoável admitir que os acionistas condicionariam o investimento do banco à concessão da opção de compra. A parte que deveria fazer exigências seria o investidor, já que optou por aplicar R$ 150 milhões no capital da empresa, em detrimento de várias opções de investimento disponíveis no mercado", afirma o documento. Marsico afirma ainda que entre junho de 2008 e junho de 2010 o banco realizou 17 operações de perfil semelhante ao da LLX. Deste total, apenas duas, a da LLX e a da Aracruz (atualmente Fibria) continham opções de compra aos vendedores das ações. O procurador ressalta que, no caso da Fibria, existem particularidades que justificam a adoção da medida.

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