sábado, 13 de novembro de 2010

Biólogo brasileiro "cura" célula autista com droga experimental

Em estudo publicado na sexta-feira, o brasileiro Alysson Muotri, da Universidade da Califórnia, em San Diego, descreve como "curou" um punhado de células defeituosas com uma droga experimental. Ao recriar neurônios a partir de células retiradas da pele de crianças com uma síndrome de autismo genética, Muotri identificou características da doença independentes do sintoma comportamental, observando as células vivas em microscópios. "Isso sugere que a técnica tem um potencial de diagnóstico", diz ele: "É a primeira descrição de um modelo humano que recapitula uma doença psiquiátrica". O biólogo é cauteloso, porém, quando questionado sobre se seu trabalho é a descoberta de um tratamento para o autismo. A droga usada no experimento, a IGF-1, altera os níveis de insulina no organismo, e pode levar a uma série de efeitos colaterais indesejados caso seja administrada no sistema nervoso de pessoas normais. Mesmo que a descoberta de um medicamento adequado possa levar décadas, Muotri se diz otimista. Ele está elaborando testes com uma série de outras drogas em um sistema robótico de experimentação, como o que empresas farmacêuticas usam: "Não acho que uma droga conseguiria consertar tudo, no caso de alguém que tenha desenvolvido um problema de cognição e memória mais profundo. Mas mostramos que é possível reverter o estado desses neurônios em grande medida". As descobertas ganharam a capa da prestigiosa revista Cell. No estudo com células, reprogramadas, ele usou material biológico de crianças portadoras da síndrome de Rett, uma das variantes mais graves das várias doenças designadas como autismo. Essa condição é causada pelo defeito em um único gene, o que facilita seu estudo em laboratório, mas não é representativa de todas as outras síndromes do autismo.

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