segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Bispo que nega o Holocausto será defendido por advogado ligado a neonazistas

O bispo Richard Williamson, condenado por "incitação ao ódio racial" por negar a morte dos judeus no Holocausto, será defendido em umanuma corte de apelação por advogado ligado a grupos neonazistas, informou nesta segunda-feira o tribunal de Regensburgo, no sul da Alemanha. A organização católica integrista Fraternidade São Pio 10, do qual Williamson é membro, ameaçou exclui-lo se não renunciar aos serviços do advogado nazista Wolfram Nahrath. A justiça de Regensburgo confirmou que Nahrath defenderá o bispo na próxima segunda-feira. Se mudar de advogado, o processo poderá ser adiado para fevereiro ou março de 2011, disse um porta-voz do tribunal. Nahrath é membro do partido de extrema-direita NPD. Fez parte de associações como Heimattreue Deutsche Jugend (a juventude patriótica alemã), proibida em março de 2009. A Fraternidade manifestou descontentamento com o bispo em comunicado publicado no site de sua seção alemã. O superior general Bernard Fellay "pediu com insistência" ao bispo Williamson que não mantivesse "um advogado com um tal passado", para não "se deixar instrumentalizar por teses políticas". Caso contrário, "se exporá à exclusão da Fraternidade de São Pio 10". Nos anos 80, Williamson foi excomungado junto a outros três bispos da fraternidade, por terem sido ordenados sem a permissão do papa João Paulo 2º. Em janeiro de 2009, o papa alemão Bento 16 (ex-membro da Juventude Nazista e do exército nazista) suspendeu as excomunhões para acabar com o cisma dos tradicionalistas, que não aceitam as reformas eclesiásticas do Concílio Vaticano 2º, dando origem a uma polêmica. Depois de anunciado o perdão papal, foi ao ar uma entrevista em que Williamson negou a extensão do Holocausto. Williamson disse acreditar que não existiram câmaras de gás e que não mais do que 300 mil judeus pereceram em campos de concentração nazistas, em vez do total de 6 milhões afirmado pelos historiadores. Em meio a uma forte reação internacional, o papa exigiu que Williamson se retratasse, dizendo que negar o Holocausto é "totalmente inaceitável". Em março de 2009, após ser expulso da Argentina, Williamson pediu perdão pelas declarações sobre o Holocausto, mas não rejeitou o que dissera. Nem o Vaticano, nem grupos judaicos, aceitaram o pedido.

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