segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Decepcionados com Brasil, dekasseguis retornam ao Japão

Depois de morar por quatro anos no Japão, a jornalista Thassia Ohphata, de 27 anos, resolveu voltar para Suzano (SP), em junho de 2009. Animada com o que ouvia dos familiares e amigos sobre o país natal, ela esperava dar um salto na qualidade de vida. "Mas não foi nada disso que encontrei", lamenta. Thassia está entre muitos dekasseguis que viveram no Japão e haviam decidido voltar ao Brasil por causa da crise, mas acabaram decepcionados com o mercado de trabalho e do suposto bom momento que vive a economia do País.  Apesar da qualificação profissional, Thassia encontrou, no Brasil, uma situação difícil: tinha de fazer jornada dupla para garantir um bom salário no fim do mês. Após seis meses, recebeu uma proposta para voltar ao Japão. Não pensou muito. Fez as malas e, em menos de um mês, já estava trabalhando numa revista voltada à comunidade brasileira no Japão. "Fiquei desanimada com o mercado de trabalho no Brasil. Se tivesse um bom emprego, não teria deixado o país; mas o fato é que a bondade da economia brasileira não chega a todos", diz. Segundo dados do Ministério da Justiça do Japão, entre janeiro de 2008 e junho de 2009, no auge da recessão econômica, 87.574 brasileiros entraram no país. Apesar de o saldo ser negativo (142.238 brasileiros voltaram ao país natal no mesmo período), o número é significativo, e bate com a média deste ano - em 2010, 5 mil brasileiros têm entrado no arquipélago por mês. "O Japão ainda está em crise, mas emprego não falta", afirma Ricardo Minoru Koike, presidente de uma empresa de recrutamento. Ele explica que as fábricas, desde 2008, não estão mais contratando funcionários fixos, mas sempre precisam de trabalhadores temporários conforme a produção aumenta. "Recebemos um pedido esta semana de uma fábrica de pães que precisa urgente de 30 pessoas para a semana que vem. Não temos como atender, pois falta mão de obra", conta. Koike diz que, hoje, todos os setores - como alimentação, autopeças e eletrônicos - têm vagas de trabalho. "Muitos dos nossos funcionários voltaram ao Brasil, mas não deram certo e tiveram de regressar ao Japão", conta.

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