terça-feira, 9 de novembro de 2010

Ex-reitor Paulo Sarkis faz catarse e desconstrói Operação Rodin

O ex-reitor da UFSM_RS, Paulo Jorge Sarkis, realizou na noite desta segunda-feira, na sede da APUSM (Associação dos Profissionais Universitários de Santa Maria), a qual ele já presidiu, uma catarse pública sobre os bastidores da Operação Rodin, que investigou supostas fraudes responsáveis por desvio de 54 milhões de reais do Detran gaúcho. Sarkis falou para cerca de 200 pessoas, entre elas ex- professores, ex-funcionários, ex-integrantes do staff da Universidade Federal de Santa Maria, e profissionais liberais. Em uma exposição que durou cerca de duas horas e meia, com o auxílio de um data show em que eram mostrados documentos extraídos do processo penal da Operação Rodin, recortes de reportagens jornalísticas e uma imagem da obra “O Pensador” de Rodin, que funcionava como um descanso de tela, o ex-reitor, denunciado pelo Ministério Público Federal como sendo uma das cabeças coroadas responsáveis pelo desvio de mais de 40 milhões dos cofres do Detran/RS falou longamente sobre todo o processo. Sem meias palavras, o ex-reitor Paulo Jorge Sarkis disse que a Operação Rodin não passou de um espetáculo midiático protagonizado por jovens promotores que se enredaram em mentiras e que não conseguem mais sair delas. 
“Ficou claro que houve orquestração”, segundo Sarkis, dos dois menbros do Ministério Público Federal em Santa Maria, Harold Hope e Rafael Brum Miron, ambos egressos da Faculdade de Direito da UFSM. Sarkis criticou a foma como os dois conduziram todas as investigações e, na fase final da deflagração da Operação Rodin, pediram para se afastar por razões de foro íntimo. No entanto, escolheram os seus sucessores entre pessoas que conheciam havia muitos anos e em quem confiavam plenamente, conforme suas próprias palavras. O ex-reitor dissecou os documentos que deflagraram a investigação e serviram de base para a denúncia. Conforme Paulo Jorge Sarkis, houve um denunciante que estranhamente é mantido em sigilo até hoje, o qual privava, pelo seu grau de conhecimento, do circulo do reitor que sucedeu Sarkis, o professor Clóvis Lima e seu vice na época, atual reitor, Filipe Muller. Ambos são adversários de Sarkis, que apoiou para sua sucessão a ex-diretora do Hospital Universitário, Elaine Ressener, derrotada na eleição com apenas 1,5% de votos. Paulo Jorge Sarkis os responsabiliza diretamente, embora não saiba, e queira até hoje saber, quem é o denunciante oculto, até para confrontá-lo e processá-lo por denunciação caluniosa. Paulo Jorge Sarkis não parou por ai. Ao contrário, ele acusa a Polícia Federal e o delegado Schneider de omitirem documentos que, se confrontados de forma séria, demonstrariam que os contratos, que foi acusado de assinar, foram firmados muito antes dele ser reitor, já no ano 2000. Mais ainda, foram firmados depois que ele deixou a reitoria, por Clóvis Lima, e na ausência deste, por Filipe Muller. O estranho, aliás estranhíssimo, é que ele foi indiciado, teve seus sigilos fiscal, bancário, telefônico e telemático quebrados, mas os outros dois, ainda que incorrendo no mesmo suposto ilícito, foram poupados. Sarkis denuncia também a imprensa, especialmente a jornalista Iara Lemos, do Diário de Santa Maria, que seria contratada do grupo de Lima e Muller para trabalhar nas eleições em que a candidata de Sarkis foi derrotada na UFSM, e teria divulgado uma pesquisa de intenção de votos forjada para favorecer o  então candidato  Clóvis Lima. Nessa pesquisa, Lima apareceria com 20% de votos a mais que a candidata de Sarkis, mas que venceu por menos de 1,5%. Sarkis disse que já está processando o Diário de Santa Maria e sua jornalista. Em tom indignado, detalhou a operação de busca e apreensão deflagrada na agência de viagens de seus filhos, que nada encontrou, mas que, para justificar a investida e permitir fotos do delegado e policiais saindo com computadores e pastas da empresa, obteve em menos de três horas novo mandado, que tramitou em tempo recorde entre Polícia Federal, Ministério Público Federal e a juíza federal Simone Barbisan, que deferiu o novo mandado. E daí, conforme ele, saíram as imagens em VT e fotos que correram o mundo naquela noite e emprestaram notoriedade à jornalista Iara Lemos e seu jornal. A extrema urgência dos procuradores em uma sexta-feira, dia 14 de maio de 2007, que conseguiram centenas de documentos da Universidade Federal de Santa Maria, leram e selecionaram os documentos, e já no próximo dia útil entregaram pedido de quebra de sigilo telefônico, que foi deferido, e durou cerca de seis meses, até a deflagração da Operação Rodin, prestou-se entre entre outras coisas para saber de estratégias jurídicas que Paulo Jorge Sarkis e seu advogado estavam debatendo em outro processo, diz ele. Há, segundo Sarkis, momentos ridículos em que a Polícia Federal faz ilações de uma conversa cifrada que falaria de "braços abertos" como a significar recebimento de propina. Seria, segundo a Polícia Federal, R$ 50.000,00 por mês, durante quase quatro anos, quando em verdade estaria falando de D. Ivo Lorscheiter e o deputado federal petista Paulo Pimenta, sobre os braços abertos de N. Sra. Medianeira, uma estátua a ser construída em um morro do entorno de Santa Maria. Nossa Senhora Medianeira é a padroeira do Rio Grande do Sul e inspira a maior Romaria do Estado do Rio Grande do Sul. Seria construída uma estátua de cerca de 60 metros de altura. Ao contrário da imagem tradicional, com os braços abertos, seria construída, conforme uma maquete, com os braços transpassados, o que resultaria em economia. Sarkis não poupou nem a CPI do Detran, onde depôs e, segundo ele, refutou todos os argumentos, mas não lhe deram espaço. Por fim, disse que lamenta que o Ministério Público Federal não tenha pedido desculpas pela desastrada investida na empresa de turismo de seus filhos, tendo se limitado, após três anos, a pedir o arquivamento do processo por falta de provas. A Receita Federal expediu certidão dizendo que não encontrou nenhuma irregularidade na empresa dos seus filhos. Reclamou que os mesmo promotores que obtiveram centenas de documentos e os dissecaram em menos de dois dias, há mais de um ano não denunciam o atual reitor da Universidade Federal de Santa Maria por ter faltado com a verdade, mentido em depoimento no processo da Operação Rodin, esperando a prescrição. O público acompanhou atentamente as duas horas e meia de exposição e ao final Paulo Jorge Sarkis foi aplaudido pelo público em pé por mais de cinco minutos. Ao encerrar, Sarkis disse que esta segunda-feira marca sua volta à vida pública em busca de recursos e soluções para Santa Maria, e foi novamente aplaudido.

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