quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Mario Vargas Llosa alerta contra retrocessos na liberdade de expressão

Mario Vargas Llosa afirmou nesta quarta-feira que o mundo deve sentir-se "alarmado" pelos retrocessos na liberdade de expressão em países como Cuba, Venezuela e Bolívia e advertiu que este direito será "sempre ameaçado" a partir de "todas as formas de poder". O Nobel de Literatura fez as declarações após receber o prêmio em defesa da liberdade de expressão e dos valores humanos das mãos do vice-presidente do governo e ministro do Interior espanhol, Alfredo Pérez Rubalcaba, em um ato realizado no Real Teatro de las Cortes de San Fernando (Cádiz, sul da Espanha). A entrega do prêmio, o terceiro concedido em seus 64 anos de história a Assembleia Internacional de Radiodifusão, coincidiu com a realização de 200º aniversário da aprovação do 9º Decreto de Liberdade de Imprensa, que as Cortes Extraordinárias da Ilha de León redigiram e promulgaram em 10 de novembro de 1810 neste mesmo cenário. Uma coincidência que multiplica o "significado" deste prêmio, com o qual carrega a missão de continuar com a luta pela liberdade de expressão, uma luta na qual "só é possível ganhar batalhas, jamais a guerra". O escritor lembrou que o mundo viveu nos últimos anos "indubitáveis progressos" no respeito à liberdade de expressão, mas insistiu em sua preocupação com os "retrocessos" que se experimentam neste terreno em alguns países latino-americanos. Vargas Llosa referiu-se especialmente a Cuba, onde há 50 anos este direito não é respeitado e não há "indício algum" de que a situação vá mudar, e à Venezuela, onde há "ataques ferozes" contra a imprensa e jornalistas que resistem "ao blecaute definitivo", apesar das intimidações. "É fundamental que denunciemos os atropelos aos jornalistas venezuelanos independentes", ressaltou o escritor, que alertou ainda para que outros países hispânicos com Governos "nascidos de eleições legítimas" estejam sofrendo por retrocessos de liberdade de expressão. Bolívia, Equador, Argentina, e "mais recentemente" o Brasil, são os países citados, junto à Colômbia e México, onde "a indústria do narcotráfico" atentou contra jornalistas que exerceram sua liberdade de expressão, um princípio "básico" sem o que não pode existir a democracia.

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