sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Marqueteiro de José Serra cobra dívida do PSDB na Justiça, e não viu conflito ético

Marqueteiro Luiz Gonzalez

Enquanto disputava o segundo turno da eleição, como marqueteiro do candidato tucano José Serra, o publicitário Luiz Gonzalez tinha a cabeça dividida. Ele mantinha um olho na campanha e outro na disputa judicial que trava há anos contra o próprio PSDB para receber o que ele considera uma dívida de R$ 18 milhões, em valores corrigidos, que alega ter ficado pendente da campanha presidencial de 2006, disputada por Geraldo Alckmin, derrotado pelo presidente Lula. Gonzalez ganhou a causa em março deste ano, por decisão do juiz Daniel Felipe Machado, da 12ª Vara Federal de Brasília. Por conta disso ele fechou contrato para tocar a campanha de Serra, a quem acompanha como marqueteiro desde 2004, quando ganhou a Prefeitura de São Paulo contra a petista Marta Suplicy. O marqueteiro não viu problema algum em fechar contrato com o PSDB, quando tinha um conflito judicial com o mesmo partido ainda não concluido. O PSDB recorreu da sentença do juiz de Brasília, alegando cerceamento de defesa e irregularidades na comprovação dos gastos apresentada pela empresa Campanhas 2006 Comunicação Ltda, que o marqueteiro Gonzalez criou especificamente para fazer as campanhas políticas. No dia 6 de outubro, em pleno segundo turno, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal acatou a apelação dos tucanos e anulou a sentença do juiz de 1ª instância. Agora o processo volta à estaca zero e o valor da dívida terá de ser revisto à luz da análise dos documentos que comprovariam os gastos. No total, a campanha custou R$ 40,5 milhões, no primeiro e segundo turnos. O PSDB reconhece uma pendência de apenas R$ 4 milhões e quer que os honorários advocatícios, de 10% do valor da causa, sejam cobrados do autor da ação. Entende-se por aí que não havia mesmo clima para que o marqueteiro Gonzalez tocasse a campanha de José Serra. Afinal de contas ele estava em guerra com toda a direção do PSDB nacional. Ou seja, é casa típico da Lei da Murphy: o acordo tinha tudo para dar errado, não podia dar outra coisa senão errado.

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