terça-feira, 30 de novembro de 2010

Peritos paulistas encontram ossário clandestino que pode abrigar corpos de vítimas da ditadura

Peritos encontraram na manhã desta terça-feira restos mortais em uma vala que pode abrigar corpos de vítimas da ditadura militar. Os restos estavam dentro de sacos azuis, no interior do ossário clandestino localizado sob um canteiro do cemitério de Vila Formosa, localizado na zona leste de São Paulo. Os trabalhos começaram há duas semanas, em busca liderada pela Polícia Federal, e devem prosseguir até sexta-feira. A procuradora Eugênia Gonzaga, que acompanhou as buscas, disse que a equipe encontrou "uma camada de sacos azuis, típicos de serviço funerário, embaixo de uma camada de terra de mais ou menos 1,5 m". O vão subterrâneo onde foram depositados os ossos tem aproximadamente 2,5 m de largura por 3 m de comprimento, segundo a procuradora. Foram 16 sacos retirados até 17h30. A única certeza, segundo Eugênia, é se tratarem de ossadas humanas. Mas restos de militantes políticos devem estar mais abaixo, pois as ossadas encontradas "são provavelmente da década de 90 ou mais". Eugênia Gonazaga acredita que, nos próximos dias, eles detectarão resíduos dos anos 70. Em outubro, seis ossadas foram exumadas no cemitério de Perus, localizado na zona norte da capital. Documentos obtidos pela família de Virgílio Gomes da Silva serviram de ponto de partida para a varredura em Vila Formosa. Líder sindical e veterano da organização terrorista ALN (Ação Libertadora Nacional), Virgílio tinha o codinome Jonas e comandou, em setembro de 1969, o sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Segundo o Ministério Público Federal de São Paulo, envolvido na operação, a próxima etapa consiste em uma "pesquisa antropológica": cruzar características da ossada com fotos e dados médicos e dentários dos desaparecidos.

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