quinta-feira, 11 de novembro de 2010

PT levará inventário de cargos a Dilma para cobrar fatia maior na Esplanada

Dilma Rousseff terá o primeiro encontro com a cúpula do PT para tratar de cargos e diretrizes do novo governo seis dias após voltar da viagem a Seul, onde participa da reunião do G-20 ao lado do presidente Lula. A presidente eleita é a convidada de honra da última reunião do ano do Diretório Nacional do PT, no próximo dia 19, que será realizada em um hotel de Brasília e contará com governadores do partido. O inventário destinado a Dilma já começou a ser preparado pelas correntes do PT, que hoje comanda 17 dos 37 ministérios. Um dia antes do encontro haverá a reunião da Executiva do partido, para alinhavar as propostas. Oficialmente, Dilma comparecerá ao Diretório Nacional apenas para agradecer os companheiros pelo trabalho na campanha presidencial, a primeira sem Lula na chapa, nos 30 anos da legenda. Na prática, o PT quer aumentar o número de vagas na Esplanada, está de olho em cadeiras hoje dirigidas pelo PMDB, como Saúde e Comunicações, e também pretende avançar sobre diretorias da Petrobrás e da Petro-Sal, que ainda não saiu do papel. Na seara doméstica, o posto mais cobiçado pelas duas principais alas do PT, hoje, é o do ministro da Educação, Fernando Haddad. Desgastado após uma sucessão de erros cometidos na aplicação do Enem, Haddad não deverá integrar o ministério de Dilma, embora Lula tenha saído em sua defesa. Haddad é escudado por seu grupo, Mensagem ao Partido, mas rifado pela corrente majoritária, Construindo um Novo Brasil (CNB), e por discípulos de Marta Suplicy, que mais uma vez querem emplacar a senadora eleita na Educação. Ex-titular do Turismo, Marta também é citada para Cidades, ministério nas mãos do PP e desejado pelo PMDB. Na briga entre os grupos que compõem o mosaico ideológico do PT, o senador Aloizio Mercadante (SP), candidato derrotado ao governo paulista, tem o apoio da bancada para ocupar Educação ou mesmo Planejamento, se o ministro Paulo Bernardo for deslocado para a Casa Civil. "É natural o anseio para manter e até ampliar os espaços no governo, mas ninguém vai estabelecer posições impositivas", amenizou o presidente do PT, José Eduardo Dutra. A montagem do primeiro escalão e do comando das estatais, no entanto, depende de encruzilhadas políticas. Quando era chefe da Casa Civil, Dilma teve atritos com Haddad, com o presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, e até mesmo com o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, hoje um de seus mais importantes colaboradores. Discreto, Palocci se aproximou tanto de Dilma que está cotado para o "núcleo duro" do Planalto: deve ocupar a Secretaria-Geral da Presidência ou a Casa Civil. Quer estar no centro das decisões do governo, mas longe dos holofotes. Reabilitado na cena política, ele retornará à Esplanada quatro anos depois do escândalo que o apeou do poder, em 2006, no rastro da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Ao contrário de Palocci, Haddad só se distanciou de Dilma. Na cerimônia de despedida dos ministros-candidatos, em 31 de março, ela o chamou de "Paulo Haddad". Gabrielli também protagonizou duros embates com Dilma antes, durante e depois da descoberta do pré-sal. A engenheira química Maria das Graças Foster, diretora de Gás e Energia da Petrobrás, pode assumir a presidência da estatal.

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