terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Associação de Porto Alegre recusa publicidade que questiona existência de Deus

A ATP (Associação dos Transportadores de Passageiros) de Porto Alegre anunciou que não aceitará a campanha publicitária com dizeres contra a religião patrocinada pela Atea (Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos). A decisão é semelhante à adotada pela empresa de publicidade Fast Mídia, em Salvador. Segundo a ATP, a campanha da Atea atinge o decreto municipal 11.460 por estimular a discriminação. Argumento semelhante já havia sido utilizado pela Fast Mídia. O representante da empresa disse que "as peças da Atea contrariavam uma lei de Salvador, principalmente em trechos que citavam como mitos os deuses hindu, cristão e palestino". O artigo 15º da lei soteropolitana 12.640/2000, ao qual a Fast Mídia se refere, diz que é proibida a exibição de anúncio que favoreça ou estimule qualquer espécie de ofensa ou discriminação racial, sexual, social ou religiosa. A Atea reclama que as firmas se recusaram a veicular os anúncios mesmo depois de o contrato já ter sido assinado. A associação, inclusive, estuda as medidas judiciais cabíveis. As peças de propaganda, com frases como "Religião não define caráter" e "A fé não dá respostas. Ela só impede perguntas", deveriam circular em ônibus de Salvador, São Paulo e Porto Alegre pelo período de um mês. A recusa ocorreu primeiro em São Paulo e depois em Salvador e Porto Alegre, sob a alegação de que as mensagens violam dispositivos das respectivas leis de publicidade em espaços públicos. "As seguidas recusas de prestação de serviço são uma confirmação contundente da força do preconceito contra os ateus, e da necessidade de acabar com ele. Nossas peças nada têm de ofensivas, e o teor de suas críticas empalidece frente às copiosas afirmações dos livros sagrados de que ateus são odiosos, cruéis, maus e devem ser eliminados. Existe um duplo padrão em ação aqui", diz Daniel Sottomaior, presidente da Atea. As chamadas campanhas do ônibus, com mensagens atéias, tiveram início no Reino Unido, em 2009, e desde então se espalharam por outros países, com resultados distintos. Nos EUA e na Espanha, a iniciativa deu certo, provocando a esperada polêmica. Na Itália, a veiculação foi proibida. Na Austrália, a companhia responsável por anúncios em ônibus também se recusou a exibi-los. Metade dos cerca de R$ 10 mil que seriam utilizados na campanha brasileira vem de pequenas doações e de recursos da própria Atea.

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