domingo, 19 de dezembro de 2010

Dinheiro de emendas para Ongs caiu em contas pessoais ou foi sacado na boca do caixa

Documentos bancários revelam o desvio do dinheiro público do Orçamento supostamente investido em shows e eventos culturais. A movimentação bancária integral da RC Assessoria e Marketing, empresa em nome de laranjas, mostra que parte do dinheiro liberado a partir das emendas dos parlamentares foi desviada para a conta pessoal de dirigentes dos institutos fantasmas. O que sobrou foi sacado na boca do caixa em dinheiro vivo, uma estratégia que dificulta a fiscalização sobre o uso e o destino final do dinheiro. Os extratos bancários também mostram que cheques foram trocados em empresas de factoring, um caminho para a lavagem de dinheiro. Houve até a compra de pelo menos um carro com verba pública. A RC Assessoria e Marketing é uma das campeãs de subcontratação pelos institutos "sem fins lucrativos" que fecham convênios com os Ministérios do Turismo e da Cultura sem licitação para receber dinheiro de emendas de deputados e senadores. A empresa foi criada em abril passado apenas para receber o dinheiro dos institutos, que servem para intermediar os convênios com o governo. Desde então, R$ 3 milhões caíram na conta da empresa para, teoricamente, realizar eventos. Pelo histórico bancário de 18 páginas, R$ 1,7 milhão foi sacado em espécie tão logo o dinheiro foi parar na conta da RC. Há saques de R$ 450 mil, feitos em 48 horas, no fim de outubro. Outros R$ 550 mil foram sacados no período de 15 dias que antecedeu o primeiro turno eleitoral. O dinheiro destinado por deputados e senadores também foi parar em revendedoras de carros. Uma loja de veículos de Unaí (MG) recebeu R$ 171 mil. Seu dono, Lucas Couto Mendes, disse que não fez nenhuma transação com a empresa. "Uma pessoa veio aqui, comprou um carro e avisou que receberíamos uma transferência bancária. E aí veio da RC", disse.  Mendes se negou a revelar quem fez a compra: "Não sou obrigado a contar. Isso é segredo comercial de nossa empresa", disse. Um veículo de R$ 33 mil foi comprado em nome do jardineiro Moisés da Silva Morais, dirigente laranja da empresa, mas não há referências sobre a origem da negociação. O outro dirigente laranja da RC é o mecânico José Samuel Bezerra, que vive de bicos. No extrato, aparecem entidades que receberam, nos últimos dois anos, emendas e lobby dos senadores Gim Argello (PTB-DF), Marconi Perillo (PSDB-GO) e Adelmir Santana (DEM-DF), e dos deputados Geraldo Magela (PT-DF), Sandro Mabel (PR-GO), Sandes Júnior (PP-GO), Rodovalho (PP-DF), Luciana Costa (PR-SP), Wellington Fagundes (PR-MT), entre outros. Dirigentes dos institutos Renova Brasil, Recriar e Inbraest receberam de volta, em suas contas pessoais, parte do dinheiro que haviam remetido para a RC Assessoria e Marketing.

Um comentário:

Cynthia Ferreira disse...

NOTA DE ESCLARECIMENTO À IMPRENSA

Em resposta à reportagem do Jornal Estado de São Paulo e subsequentes matérias, o deputado Rodovalho esclarece que:

•Destinou parte das emendas, que tem direito por lei, para o Ministério do Turismo o qual tem a responsabilidade de definir quais os projetos que serão realizados, conforme previsto no artigo 7º, parágrafo 8º da LDO;

•Com esta atitude contrariou solicitações da base de apoio político;

•Esclarece que por não ter responsabilidade na execução dos projetos do Poder Executivo solicitará maiores informações;

•Lastima ter seu nome citado neste episódio e coloca-se à inteira disposição para dirimir eventuais dúvidas.

Assessoria de comunicação do deputado Rodovalho