domingo, 9 de janeiro de 2011

Com experiência de 40 anos de plenário, deputado Henrique Eduardo Alves é aliado incômodo do governo

Às vésperas de completar 40 anos na mesma função, a de deputado federal, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) coleciona derrotas nas disputas para o Executivo e tem no bastidor político de Brasília o seu habitat. Henrique Eduardo Alves, aos 62 anos, tomará posse de seu 11º mandato consecutivo como deputado federal em fevereiro. Hoje, ele é líder da bancada do PMDB na Câmara e o nome mais cotado pelo partido para presidir a Casa a partir de 2013. Decano da Câmara, ele só perde em números de mandatos, segundo a Casa, para quatro ex-deputados. Das tentativas frustradas de atuar no Executivo, a de 2002, quando se deu como certa sua indicação para a vice de José Serra (PSDB) na chapa à Presidência, foi a mais notória. A aspiração ruiu após a revista "IstoÉ" publicar afirmação da ex-mulher de que ele tinha US$ 15 milhões no Exterior. Alves chamou a história de "delírio" e sumiu de cena. Rita Camata (PMDB-ES) foi indicada em seu lugar. Porta-voz nas últimas semanas da reação peemedebista pela manutenção do espaço do partido no governo Dilma Rousseff, Alves desempenha hoje o papel em que sempre demonstrou maior desenvoltura, o de articulador político de bastidores, notadamente de interesses partidários e de aliados. Liderou o movimento, no PMDB, para elevar o salário mínimo para acima dos R$ 540,00 oferecidos pelo governo, no fim do mandato de Lula. O deputado é herdeiro político de um dos principais clãs nordestinos, montado pelo ex-governador e ex-ministro Aluísio Alves (1921-2006), cassado pelo Ato Institucional nº 5. Apesar disso, Alves acabou, no decorrer dos anos, "destronado" dentro do clã pelo primo Garibaldi Alves Filho, que foi prefeito de Natal, presidente do Senado, duas vezes governador e, desde o dia 1º, é o ministro da Previdência de Dilma. "O Garibaldi não tem rejeição, é uma pessoa conciliadora, uma pessoa que agrega. Eu, por ser filho do maior líder popular do Estado, tive que brigar mais", diz. Quatro anos antes de morrer, o pai do deputado deu a sua explicação: o sobrinho Garibaldi teria herdado a liderança popular; o filho, "a articulação política". Adversários também têm sua versão: a de que Alves priorizou viagens e a vida em Brasília ou no Rio de Janeiro, o que lhe rendeu fama de bon-vivant. "Já o Garibaldi é aquela coisa, não perde um casamento, batizado ou enterro", afirma um deles.

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