domingo, 23 de janeiro de 2011

Polícia Federal liga fraudes nos portos de Paranaguá e Antonina a Eduardo Requião

Eduardo Requião
Gravações telefônicas feitas pela Polícia Federal durante a investigação que culminou na Operação Dallas, deflagrada na última quarta-feira, revelam que o ex-superintendente do Porto de Paranaguá, Eduardo Requião de Mello e Silva, irmão do senador eleito e ex-governador do Estado do Paraná, Roberto Requião, seria o principal beneficiário de um esquema que renderia propina de U$S 5 milhões (quase R$ 9 milhões) na licitação para a compra de uma draga vinda da China. As interceptações ainda apontam indícios de que Eduardo Requião mantinha em casa grande volume de dólares sem comprovação de origem, além de fazer remessas para o Exterior. Nas conversas narradas nos relatórios da Polícia Federal, o ex-superintendente Daniel Lúcio de Oliveira de Souza fala que Eduardo Requião, citado nas conversas como “Crocodilo”, receberia US$ 2,5 milhões (R$ 4,2 milhões) em propina caso a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) comprasse a draga da empresa Global Connection. A investigação da Polícia Federal começou em dezembro de 2009, para apurar o desvio de grãos, e foi ampliada depois que as escutas telefônicas mostraram indícios de outros crimes. Segundo a Polícia Federal, o ex-superintendente do porto, Daniel Lúcio de Oliveira de Souza, teria envolvimento em outras duas irregularidades, além da compra da draga: o favorecimento da empresa Petroil para prestar serviços de limpeza de silos e a contratação de empresas ligadas a ele para prestar serviços de estudos ambientais. A investigação da Polícia Federal mostra que a negociação da propina que seria obtida na compra da draga teria chegado à ante-sala do então governador Roberto Requião. A certeza de que o esquema daria certo era tanta que, segundo a Polícia Federal, o contrato de compra da draga chegou a ser assinado com o vendedor chinês antes da licitação. O processo de compra, no entanto, foi cancelado pela Justiça Federal em agosto de 2010. Após seis meses de monitoramento telefônico, autorizado pela Justiça Federal, a PF pediu ao Poder Judiciário a prisão de Eduardo Requião e de Luís Mussi, entre outros envolvidos, por entender que havia provas do envolvimento deles na tentativa de fraudar a licitação. “Há provas suficientes de que houve conluio entre agentes públicos e privados para que fosse direcionada a licitação para a compra da draga”, diz um trecho do documento confidencial da Polícia Federal.

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