sábado, 12 de fevereiro de 2011

Brasil tenta exportar modelo de TV digital para África

O Brasil abriu nova ofensiva após sofrer um revés na disputa para atrair os países africanos para o padrão de TV digital nipo-brasileiro. No fim do ano passado, a SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral) fez uma recomendação para que os 15 países do grupo adotem o modelo europeu de TV digital. Pela recomendação, os integrantes podem até adotar outro padrão, desde que seja compatível com o sistema europeu. Para tentar recuperar terreno, o Brasil começou a trabalhar na elaboração de testes que comprovem que é possível a "convivência" entre o sinal nipo-brasileiro e o europeu. Os testes terão de mostrar que não vai haver problemas de interferência entre os dois sistemas. O Brasil fez forte lobby no ano passado e chegou a enviar à África do Sul um grupo de empresários e funcionários do governo. Mesmo com a pressão, a África do Sul, país de maior influência na região, resolveu optar pelo padrão europeu. Esse foi o fator que mais pesou para decisão da SADC de recomendar o padrão europeu aos demais países do grupo. Moçambique, que faz parte da comunidade africana, já deu sinais de que tende a adotar o sistema europeu. Tanto o Brasil como o Japão, detentores da tecnologia, estão de olho no mercado de 250 milhões de pessoas representado pela SADC, bloco que inclui economias em expansão como Angola. Com a adesão de mais países ao sistema nipo-brasileiro, o Brasil poderá ganhar mais mercado para produtos que já são desenvolvidos internamente, como conversores, transmissores, aparelhos de TV e conteúdos digitais interativos. Hoje, cerca de 600 milhões de pessoas estão sob o sistema nipo-brasileiro, que inclui basicamente o Japão e os países da América do Sul. A primeira etapa para a preparação do relatório brasileiro deve acabar até a próxima semana. A segunda etapa começará em seguida, com testes de transmissão. O sistema nipo-brasileiro de TV digital opera em 6 mega-hertz, enquanto o padrão europeu é de 8 mega-hertz. Os documentos brasileiros serão apresentados para a UIT (União Internacional de Telecomunicações), organização que padroniza as ondas de rádio e telecomunicações internacionais. Os testes de transmissão serão feitos em Angola, país africano que atualmente é o mais assediado pelo Brasil.

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