quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Inflação assusta mercado e cresce temor de não ser atingida a meta do governo

Há uma preocupação no mercado financeiro com o descolamento das expectativas de inflação em relação ao centro da meta, de 4,5%. Segundo Gino Olivares, da Brookfields Gestão de Ativos, “a inflação já está rodando a 6% (em 12 meses), e vai ficar flertando com o limite superior da banda (6,5%) boa parte do ano”. Felipe Tâmega, do grupo Modal, acrescenta ser possível que a inflação acumulada em 12 meses ultrapasse 6,5% em agosto. A inflação de junho a agosto de 2010 ficou em torno de zero. À medida que, no cálculo da inflação em 12 meses, aqueles meses no ano passado sejam substituídos pelos de 2011 (quando não se acredita que a inflação ficará em torno de zero) , o IPCA pode varar o teto da banda. Olivares está particularmente preocupado com o fato de que a mediana das expectativas de inflação do mercado para 2012 esteja em 4,61%, acima do centro da meta, na última coleta do Banco Central. Na verdade, houve um recuo ante a penúltima coleta, quando o indicador chegou a 4,7%. Ele acha que o número em si não é tão importante, mas sim o fato de que “os agentes começaram a questionar a idéia de que a inflação 24 meses à frente vai estar na meta - não me lembro de outro episódio assim ao longo dos 11 ou 12 anos do sistema de metas”. O economista acrescenta que o Banco Central não sinalizou em seus documentos qual o horizonte para trazer a inflação de volta para o centro da meta, o que dá flexibilidade, mas também tem custos: “A inflação corrente muito alta, perto do limite superior da banda, com a ausência de sinalização sobre qual é o horizonte relevante para o Banco Central, se traduz em expectativas desancoradas; a consequência é que ele terá de fazer um aperto muito maior, com custo muito mais alto, quando quiser trazer a inflação de volta a 4,5%”. Uma expressiva corrente do mercado crê que o Banco Central elevará a Selic (taxa básica Central de juros) do nível atual de 11,25% para 12,25%, com uma alta total de 1,5 ponto porcentual desde janeiro (quando ela subiu 0,5). Se for preciso mais, o Banco Central complementaria com medidas “macroprudenciais”, como as que recentemente aumentaram compulsórios e exigências de capital. Uma das preocupações em não elevar muito a Selic seria a de evitar a sobrevalorização do real. O Banco Santander, porém, acha que essa combinação não é suficiente, e prevê que a Selic chegue a 13% este ano. Tatiana Pinheiro, economista do Santander, cita como fatores de contínua pressão inflacionária a alta internacional das commodities e as políticas fiscal e monetária ainda expansionistas. Para o Santander, a taxa real neutra, que não acelera nem desacelera a economia, estaria entre 7% e 8%.

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