sábado, 12 de fevereiro de 2011

Organização terrorista Hamas rejeita chamado de eleições e alerta para crise palestina

O movimento terrorista islâmico Hamas, responsável pelo governo da faixa de Gaza desde 2007, rejeitou neste sábado a convocação de eleições presidenciais e legislativas palestinas para setembro, feita pela Autoridade Nacional Palestina (ANP), com base na Cisjordânia, por considerar que elas afundarão a divisão interpalestina. "O Hamas não reconhecerá essas eleições ou seus resultados nem dará cobertura legal alguma porque aumentam a divisão e a separação e não servirão aos interesses do povo palestino", disse um dos porta-vozes do grupo em Gaza, Fawzi Barhum, em comunicado. Segundo ele o chamado a um novo pleito é "ilegal" porque os líderes da ANP, o presidente Mahmoud Abbas e o primeiro-ministro Salam Fayad, "perderam sua legitimidade e capacidade para efetuar ou supervisionar estas eleições". Já para o deputado do Hamas na Cisjordânia, Fadel Hamdan, um novo governo só pode ser eleito após a ANP e o movimento islâmico se reconciliarem, o que ainda não aconteceu. "Sempre mantivemos a linha de que as eleições só podem ser conduzidas após a reconciliação", disse. Já a ANP justifica a convocação exatamente como uma maneira de "sair do atual impasse e dar voz às pessoas". Desde 2007 os palestinos têm dois governos, um do Hamas, na faixa de Gaza, e outro da ANP, na Cisjordânia. As duas facções políticas tentam negociar há anos, com mediação egípcia. Mais cedo, o principal negociador palestino nas conversações de paz com Israel, Saeb Erekat, apresentou seu pedido de renúncia lançando mais um obstáculo ao diálogo congelado. Erekat confirmou sua saída do "comitê de negociações" palestino, anunciada pouco antes pelo secretário do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina, Yasser Abed Rabbo. Ele afirmou que sua demissão é consequência do vazamento de documentos sobre as negociações de paz desde 1999. Os documentos secretos foram divulgados recentemente pela Al Jazeera e sugerem que os líderes palestinos estariam dispostos a fazer grandes concessões aos israelenses, incluindo permitir que Israel anexasse praticamente todos os assentamentos judaicos construídos em Jerusalém Oriental em troca de terras em outras regiões. Erekat é citado como o mensageiro das propostas. A Autoridade Palestina foi duramente atingida pela revelação dos documentos, que mostram que, em reuniões privadas com negociadores israelenses, os líderes palestinos ofereceram a Israel, por exemplo, a anexação de assentamentos em Jerusalém Oriental (reivindicada pelos palestinos como a capital de seu futuro Estado) e limites ao direito de retorno dos refugiados palestinos aos territórios ocupados. Erekat é citado em vários dos 1,6 mil documentos secretos publicados pela Al Jazeera e pelo jornal britânico "The Guardian". Os documentos abrangem dez anos de negociações entre israelenses e palestinos intermediadas pelos Estados Unidos. Na última terça-feira, uma penúltima leva de papéis divulgados sugeria que a Autoridade Palestina conspirou com forças de segurança de Israel para matar o militante palestino Hassan Al-Madhoun, morto posteriormente por um míssil israelense em Gaza. Os documentos também indicam um envolvimento do serviço de inteligência britânico, o MI6, em tentativas de enfraquecer o grupo militante Hamas, antes que esse tomasse o controle de Gaza, quatro anos atrás. Apesar das revelações, Erekat foi ovacionado por apoiadores na Cisjordânia, na última terça-feira.

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