quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sobrevivente da ditadura argentina presta depoimento em Paris

A argentina Elena Alfaro, sobrevivente do campo de torturas "El Vesubio", um dos centros clandestinos de detenção mais cruéis da ditadura argentina (1976-1983), testemunhou nesta terça-feira por videoconferência na sede de uma ONG parisiense. Elena Isabel Alfaro, de 58 anos, compareceu diante do Tribunal Oral Federal número 4, na cidade de Buenos Aires, por videoconferência, a partir da capital francesa, em meio ao julgamento aberto em fevereiro de 2010 de oito ex-militares argentinos por violações aos direitos humanos. "Sim, juro que direi a verdade", afirmou Elena Alfaro sentada em frente a um computador conectado à Internet com a sala de audiências portenha, interrogada pelo presidente do tribunal argentino, às 12 horas na França (8 horas na Argentina). Dois representantes do Ministério da Justiça argentino e o cônsul da Argentina na França, Miguel Angel Hildmann, participaram da audiência parisiense realizada na sede da ONG CCFD-Terre Solidaire. Refugiada desde 1982 na França, onde em 2006 recebeu a Legião de Honra, a mais alta distinção francesa, Elena Alfaro, começou seu relato com o momento em que foi sequestrada, à meia-noite de 19 de abril de 1977. "Estava de repouso por problemas de gravidez. Entraram violentamente e me tiraram de camisola mesmo, me colocaram em um carro e colaram fita adesiva em meus olhos", disse Elena Alfato, que na época tinha 25 anos e era militante de esquerda. As condições de prisão, as torturas e humilhações e a chegada e saída incessante de prisioneiros no "El Vesubio", um dos 600 centros de extermínio da ditadura argentina, centraram o relato de Eelena Alfaro, que apontou como responsável por esse centro clandestino o coronel Pedro Alberto Durán Sáenz, um dos principais acusados neste julgamento. Os outros sete repressores que atuaram no "El Vesubio" julgados por mais de 150 sequestros e turturas, além de 17 fuzilamentos, são os coronéis (reformados) Humberto Gamen e Hugo Ildebrando Pascarelli. Também são acusados os ex-agentes penitenciários Diego Salvador Chemes, Roberto Carlos Zeolita, José Néstor Maidana, Ricardo Néstor Martínez e Ramón Antonio Erlán.

Nenhum comentário: