quarta-feira, 13 de abril de 2011

Bird diz que América Latina deve se adaptar a ter moeda mais valorizada

Os países da América Latina, entre eles o Brasil, precisam aprender a conviver com uma moeda local mais apreciada, disse nesta quarta-feira o economista-chefe do Banco Mundial (Bird) para a região, Augusto de la Torre, em Washington. Ao apresentar o relatório "O Êxito da América Latina se Submete à Prova", o economista disse que esse seria um dos fatores para que os países da região possam lidar com as "tensões na formulação de políticas econômicas" que começam a surgir após o período de recuperação da crise mundial. Muitos países da região, inclusive o Brasil, vêm enfrentando grande apreciação em suas moedas. No Brasil, a valorização do real frente ao dólar é uma preocupação do governo porque acaba tornando as exportações brasileiras menos competitivas no mercado internacional. De la Torre diz que concentrar os esforços no aumento de produtividade seria uma das maneiras de aprender a conviver com essa nova realidade e manter o crescimento da economia. Esse cenário de câmbio mais valorizado, porém, precisa refletir o que o Banco Mundial chama de "fatores fundamentais": melhores perspectivas de crescimento, comércio favorável e altos níveis de fluxo de capital não especulativo. De acordo com o Banco Mundial, o bom desempenho dos países latino-americanos após a crise mundial, com recuperação mais forte que em crises anteriores e também mais forte que a registrada entre as economias avançadas, entra agora em uma fase de "amadurecimento", que traz consigo desafios para as autoridades. Além dos riscos externos, associados a fatores como o ritmo ainda lento de recuperação das economias avançadas e ao aumento dos preços das matérias-primas, há também riscos internos. Por um lado, é necessário controlar a inflação, em meio a um aquecimento econômico e aos crescentes preços internacionais dos alimentos e dos combustíveis. Ao mesmo tempo, esses governos tentam evitar uma apreciação "excessiva" de suas moedas, em um contexto de preços elevados e potencialmente voláteis das matérias-primas (produtos exportados por muitos desses países) e de aumento dos fluxos de capital. Ambos os desafios são vivenciados pelo Brasil, onde o governo já vem desde o ano passado adotando medidas para tentar conter o fluxo excessivo de capital estrangeiro (atraído principalmente pelas altas taxas de juros do País) e em um momento em que as projeções de inflação rondam os 6,5%, teto da meta estipulada pelo governo (cujo centro é de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo).

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