sábado, 30 de abril de 2011

Três empresas dominam quase 70% da distribuição de gasolina no Brasil

Cerca de 70% do mercado de distribuição de gasolina está nas mãos de três empresas: BR Distribuidora, Ipiranga e Raízen (joint venture formada entre Cosan e Shell). Os dados, compilados pelo CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), são da ANP (Agência Nacional do Petróleo) e referem-se a fevereiro. No mesmo período de 2006, cinco empresas concentravam 70% da distribuição. De lá para cá, empresas saíram, outras surgiram e o resultado foi a expansão do "market share" da BR, da Petrobras, e da Ipiranga, adquirida pelo grupo Ultra e pela estatal em 2007. Ipiranga e BR, hoje, respondem por 50% do mercado de distribuição de gasolina, fatia dez pontos percentuais maior do que em 2006. Mas o impacto da concentração de mercado para os consumidores não é consenso entre especialistas. Uma mudança natural na política de investimentos das empresas seria o motivo principal da concentração. Diante do crescente custo de exploração de petróleo, as companhias precisaram definir em qual fase da cadeia pretendiam atuar. "As petroleiras buscam racionalizar os ativos. A Exxon, por exemplo, deixou o País por entender que o negócio de distribuição na América Latina era o menos rentável", diz Alexandre Szklo, professor da Coppe/UFRJ. Mas os fatores que levaram a Exxon e outras estrangeiras, como a Chevron (vendedora da Texaco), a optar pela saída têm origem no monopólio da Petrobras no refino e na política para os preços dos combustíveis. "Ela tende a tornar menos rentável um segmento que, naturalmente, já não é tão rentável", afirma Szklo. Como a Petrobras não repassa para o consumidor interno os altos e baixos do petróleo e derivados no Exterior, o mercado nacional caminha descolado do mundo. Das estrangeiras, só a Shell continua no setor, agora em uma joint venture com a brasileira Cosan, que entrou no segmento em 2008, por meio da compra dos ativos de distribuição da Esso. A expansão do etanol no consumo explica a entrada de uma produtora de álcool em distribuição. Como a gasolina C, vendida ao consumidor, tem uma mistura de até 25% de álcool anidro, para os produtores de etanol a venda direta ao consumidor pode ser um bom negócio. "Você acaba vendendo álcool a preço de gasolina", diz Walter Belik, professor do Instituto de Economia da Unicamp. Segundo ele, o custo de produção de álcool está entre R$ 0,30 e R$ 0,35 por litro. Na sexta-feira, o anidro saía das usinas a R$ 2,38 por litro, segundo o indicador Esalq/Cepea.

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