sexta-feira, 27 de maio de 2011

Air France elogia pilotos após divulgação de detalhes de caixa-preta

A Air France defendeu nesta sexta-feira a atuação dos pilotos do Airbus A330, após a divulgação pelos investigadores de uma nota sobre as circunstâncias do desastre no Atlântico, ocorrido no final de maio de 2009 e que matou 228 pessoas. "A tripulação, reunindo as competências dos três pilotos, demonstrou profissionalismo", diz um comunicado da companhia. No documento, a Air France isenta os pilotos e insiste no fato de que a pane nos sensores de velocidade do Airbus A330 é o fator inicial que desencadeou a desconexão do piloto automático, elemento que precedeu a perda de sustentação do avião. Pela primeira vez, o Escritório de Investigações e Análises (BEA), que apura as causas do acidente, confirmou oficialmente que a pane nos sensores de velocidade do Airbus A330, os chamados tubos Pitot, é o ponto de partida de uma série de eventos que conduziram à catástrofe. "O relatório do BEA mostra que a tripulação mudou a rota para desviar de fenômenos meteorológicos", afirmou Eric Schramm, diretor de operações aéreas da Air France, em uma entrevista coletiva nesta sexta-feira. "Houve o congelamento dos tubos Pitot, que resultou na perda dos dados de velocidade do avião", disse Schramm. Ele acrescenta que o desligamento do piloto automático, causado pela perda dos dados de velocidade, suprime as proteções associadas a esse modo de pilotagem. "O incidente com os tubos Pitot resultou na perda dos dados de velocidade, relativamente momentânea, que durou cerca de 50 segundos. Mas a consequência disso foi a desconexão do piloto automático", diz o diretor do BEA, Jean-Paul Troadec. Os pilotos não enfrentavam fortes turbulências no momento em que os tubos Pitot deixaram de funcionar, disse Troadec. Os investigadores franceses vão agora analisar em detalhes as reações dos pilotos para enfrentar os problemas indicados nos alarmes do avião. A aeronave perdeu a sustentação e despencou a uma velocidade de 200 quilômetros horários. A queda durou três minutos e meio. O BEA também tentará descobrir a razão pela qual o controle do avião não pôde ser recuperado depois que os dados de velocidade voltaram a ser indicados. Isso ocorreu um minuto após a perda dessas informações nos computadores de bordo. "Precisamos entender as ações dos pilotos. Nós escutamos as conversas (gravadas na caixa-preta), mas não sabemos ainda porque eles adotaram essas ou aquelas medidas. Vamos cruzar as informações disponíveis para entender as razões disso", afirma Troadec. "Vamos investigar qual foi o treinamento individual dos pilotos e quais procedimentos de emergência foram aplicados", afirma Troadec. Durante os quatro minutos em que lutaram para recuperar o controle do avião, os pilotos mantiveram a ordem para que o nariz da aeronave fosse levantado.

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