segunda-feira, 9 de maio de 2011

Câmbio freia preços e cria dilema para Banco Central

Em abril a inflação estourou a meta do governo, mas a situação seria ainda pior se a valorização do real em relação ao dólar não segurasse os preços de produtos, de alimentos a eletroeletrônicos. Entre os campeões da queda de preços, estão as TVs (-7,38% mais baratas) e as máquinas fotográficas (-7,25%), entre outros eletrodomésticos e eletroeletrônicos. Produtos de higiene pessoal e limpeza registraram alta de preços muito inferior aos 6,51% do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor): subiram 1,09% e 1,18%, respectivamente. Em geral, beneficiaram-se da queda do dólar produtos que usam insumos e componentes importados, aqueles que sofrem concorrência direta de compras feitas no exterior e itens suscetíveis às cotações internacionais. A “mãozinha” que o câmbio está dando para conter o surto inflacionário levou o governo a abandonar os esforços do início do ano para combater a valorização do real, reivindicação de empresários preocupados com suas exportações. Segundo Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, o dólar teve impacto sobretudo em setores que sentem a competição de importados ou usam peças ou matérias-primas feitas no Exterior. “Sempre que o dólar cai esses itens têm queda ou sobem menos do que a inflação”, diz. Alguns alimentos seguem a mesma tendência, como pães, massas, sob efeito das cotações mais baixas de algumas commodities como o trigo- e azeite e bacalhau, importados. Até mesmo a indústria automobilística, que concentra no Brasil a maior parte da montagem e produção de peças, registra queda nos preços de 0,47% no ano, graças à competição dos importados. Os preços não subiram nem com o fim do IPI reduzido, em 2010, nem com as medidas para conter o crédito ao setor neste ano.

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