terça-feira, 17 de maio de 2011

China tentou negar apoio ao Brasil em reforma do FMI

A China tentou negar apoio à pretensão do Brasil de aumentar seu peso no comando do FMI (Fundo Monetário Internacional), revelou Paulo Nogueira Batista Jr., o representante brasileiro na instituição. Ele afirmou que a tendência dos chineses de atuarem em "em faixa própria" põe em risco a articulação dos cinco países do fórum Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (esta recém-admitida). Nogueira Batista e a diplomata Maria Edileuza Fontenele Reis, responsável no Itamaraty pelo Brics, revelaram bastidores de negociações difíceis com a China, relativas às reformas do FMI e do Conselho de Segurança da ONU. Os dois participaram nesta segunda-feira de seminário do Centro de Estudos e Pesquisas do Brics, criado há um ano pela PUC-RJ e a Prefeitura do Rio de Janeiro. "O Brasil tem que fazer sentir aos chineses que, se quiserem seguir em faixa própria devido a seu peso estratégico, vão pagar um preço", disse Nogueira Batista, que ressaltou estar falando a título individual, e não como diretor-executivo do FMI (sua diretoria reúne oito países além do Brasil). Ele contou que a articulação no FMI entre os países do Brics ia bem até o ano passado, quando foi discutida a redistribuição das cotas do Fundo para aumentar a participação dos votos dos países emergentes. A China se negou inicialmente a apoiar a posição brasileira. O Brasil queria se tornar o décimo maior cotista, pretensão que acabou efetivada. Para isso, teria que passar à frente de vários países, incluindo o Canadá. Os chineses, segundo Nogueira Batista, começaram a alegar que não queriam "ofender" os canadenses. Em consulta com Brasília, ele decidiu contra-atacar. "Eu disse: 'Quem ficou ofendido foi o Brasil, e nossos negociadores do clima vão saber disso'. Isso repercutiu enormemente, porque os chineses têm grande interesse no apoio brasileiro na questão climática, onde estão em relativo isolamento". Nogueira Batista disse que o Brics é uma "alavanca" importante para o Brasil, já que o grupo reúne alguns dos poucos países em desenvolvimento com capacidade de atuação independente na política internacional.

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