segunda-feira, 2 de maio de 2011

Especialista diz que morte de Bin Laden não significa fim da Al Qaeda

A morte de Osama Bin Laden é um duro golpe para a organização que ele liderava, a Al Qaeda, mas a rede ainda possui uma grande capacidade de realizar ataques por conta de sua natureza descentralizada. A operação realizada por soldados americanos e paquistaneses na cidade de Abbotabad, nos arredores da capital paquistanesa, Islamabad, eliminou o maior símbolo da Al Qaeda e o extremista mais procurado do mundo há dez anos. Entretanto, como têm apontado diversos analistas, há tempos Osama Bin Laden não é mais o comandante operacional da Al Qaeda, responsável direto pelo planejamento dos ataques. Isto cabe ao que será agora alçado ao posto de primeiro da rede, Ayman al-Zawahiri. Expulso do Afeganistão e restringido por ataques de aviões americanos não tripulados nas áreas tribais do Afeganistão, Bin Laden já estava em uma posição de desvantagem. Mais importante, há anos a Al Qaeda abandonou um modelo hierárquico altamente centralizado, no qual os líderes supervisionavam diretamente todo o recrutamento, o treinamento e a distribuição das missões, para se transformar em algo muito mais amorfo e impalpável. Hoje a filosofia da Al Qaeda é "um homem, uma bomba". A rede virou uma espécie de "franquia" que também atua através de grupos aliados ou inspirados por sua filosofia. Portanto, o maior perigo da Al Qaeda hoje não é a organização em si, mas a influência dessas "franquias" que atuam sob seu espectro. Simpatizantes da Al Qaeda podem receber treinamento com aliados da Al Qaeda, como o Taleban paquistanês ou o grupo afegão liderado pelo ex-líder militar Jalaluddin Haqqani. No Paquistão, o grupo facilitador tem sido o Lashkar-e-Taiba, uma organização militar que atua no lado indiano da região fronteiriça da Caxemira. Depois de 11 de setembro de 2001, o grupo ajudou a esconder muitos líderes do alto escalão da Al Qaeda, possivelmente até Bin Laden. Mas as autoridades paquistanesas relutam em combater o Lashkar-e-Taiba porque o grupo mantém proximidade com os serviços de inteligência paquistaneses. Além disso, o Paquistão também tem deixado à solta grupos como os liderados por Haqqani, porque atuam no Afeganistão. Na Europa, antes de 11 de Setembro não havia células da Al-Qaeda, exceto por uma na cidade alemã de Hamburgo, que esteve envolvida nos ataques às Torres Gêmeas. Hoje, porém, cada um dos países europeus tem uma célula ligada à rede. Centenas de muçulmanos com passaportes europeus são treinados no Paquistão e reenviados de volta a solo europeu. Células "adormecidas" se espalham por Reino Unido, Escandinávia, França, Espanha e Itália. Neste momento, o temor de um atentado suicida em estações de trens e metrôs nos Estados Unidos e na Europa é particularmente alto, assim como em alvos militares e embaixadas ocidentais no Oriente Médio, que já são um alvo frequente do extremismo. Também é preocupante a possibilidade de ataques aleatórios, por exemplo, um militante que instale uma bomba em um supermercado. Alguns ataques podem ser realizados por jihadistas de longa data infiltrados nas sociedades ocidentais, segundo planos que podem estar sendo aperfeiçoados há anos. No Paquistão, os últimos acontecimentos mostraram que a Al-Qaeda está bem estabelecida. Por fim, as revoltas no mundo árabe representam um desafio e uma oportunidade para a Al Qaeda no Oriente Médio.

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