terça-feira, 24 de maio de 2011

OMS adia por três anos decisão de destruir vírus da varíola

Os países-membros da Organização Mundial da Saúde concordaram nesta terça-feira em adiar por três anos a decisão de fixar uma nova data para destruir as últimas amostras do vírus da varíola, uma doença erradicada em 1980. Após dias de intensos debates na Assembléia Mundial da Saúde, realizada em Genebra, os países não conseguiram chegar a um acordo sobre uma data para destruição dos vírus, que estão armazenados em laboratórios na Rússia e nos Estados Unidos. "A boa notícia é que alcançaram um consenso sobre reafirmar a decisão de que o vírus deve ser destruído", o que já foi acordado em 1986, disse à imprensa Pierre Formenty, especialista da OMS. Adiantou, entretanto, a confirmação "de que a discussão sobre a nova data ocorrerá na Assembléia Mundial da Saúde, dentro de três anos". Esta foi a quarta vez no último quarto de século que os representantes dos 193 estados-membros da OMS abordaram a questão da destruição do vírus da varíola. As discussões ocorrem entre os partidários da destruição, que defendem desfazer-se o mais rápido possível desses vírus, alegando o temor de que caiam nas mãos de terroristas, e os favoráveis em preservá-lo, ainda com objetivos de pesquisa científica. Formenty reconheceu que "as antigas vacinas que permitiram a erradicação da varíola agora já não poderiam ser utilizadas" porque foi comprovado que têm efeitos colaterais perigosos. "Não é possível administrar a pessoas com sistema imunitário frágil, como os soropositivos", o que deixaria de fora grandes populações em países com altas taxas de Aids. O analista reconheceu que a única possibilidade de a varíola reaparecer seria se alguém tivesse acesso às amostras guardadas, e lembrou que uma volta natural da varíola é impossível, pois o vírus já não está presente na natureza nem no homem e em outras espécies animais. Só estão guardadas amostras em dois laboratórios de alta segurança: em Atlanta (EUA), que tem mais de 400, e em Koltsovo (Rússia), onde estão outras 120.  A varíola é uma doença altamente contagiosa, e era uma das mais temidas no mundo por sua alta taxa de mortalidade (30% dos afetados), até ser erradicada após uma intensa campanha global de vacinação. O último caso conhecido de contágio natural ocorreu na Somália, em 1977. Outro episódio de contágio emblemático foi o registrado em 1978, em Birmingham (Reino Unido), quando uma funcionária de uma escola de medicina morreu em consequência de um acidente no laboratório.

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