quarta-feira, 6 de julho de 2011

Aumenta preocupação no Exterior com a vitalidade da economia brasileira

O bom momento da economia brasileira vem há tempos sendo propagandeado ao redor do mundo como exemplo para a recuperação após a crise global de 2008. No entanto, já começam a crescer as vozes divergentes que alertam sobre possíveis estouros de bolhas que levem a uma desaceleração no País. "As pessoas estão subestimando os problemas na economia brasileira", adverte o analista Neil Shearing, economista sênior para mercados emergentes da consultoria britânica Capital Economics. "Fundamentalmente, o ritmo e a natureza do crescimento brasileiro não são sustentáveis", afirma Shearing. Entre os pontos de vulnerabilidade da economia brasileira apontados por analistas em relatórios e artigos recentes estão questões como a expansão do crédito com juros altos, a sobrevalorização do real, os riscos de inflação, o alto preço das commodities e a valorização excessiva no mercado imobiliário nas grandes cidades brasileiras. "O estouro da bolha de crédito deve ser bastante grave e levar a economia a uma desaceleração", disse Amit Rajpal, gerente de portfólio do fundo de investimentos Marshall Wace. Em um artigo publicado nesta semana pelo diário econômico "Financial Times", Rajpal e Paul Marhsall, diretor de investimentos do Marshall Wace, alertam para o risco de uma crise no setor de crédito no Brasil, citando um aumento dos gastos proporcionais das famílias brasileiras com o pagamento de suas dívidas e a perspectiva de aumento dessa proporção por conta dos juros em alta. "O peso no fluxo de caixa das famílias é astronômico e está crescendo", escreveram eles. O artigo de Rajpal e Marshall é o último de uma série que vem aparecendo nas últimas semanas em diferentes veículos especializados para alertar sobre riscos enfrentados no Brasil. Em um relatório publicado na semana passada, a Capital Economics faz um alerta sobre as perspectivas negativas da indústria no Brasil, apesar do crescimento na produção registrado em maio, e sobre a contínua valorização do real, que "está distorcendo a economia brasileira". A consultoria britânica mantém suas previsões positivas sobre a economia do país no curto prazo, mas advertiu em um relatório anterior sobre "um crescente risco de que a economia superaqueça ou que bolhas comecem a inflar". Para a Capital Economics, a vulnerabilidade da economia brasileira advém de dois fatores: a força do fluxo de capitais para o país e o aumento rápido do crédito para o consumo interno. A consultoria avalia que o excesso de divisas nos países com grandes superávits em conta corrente, como a China ou a Alemanha, vai se manter, o que significa que os fluxos de capital para as economias emergentes, como o Brasil, também se manterão altos, já que o capital excedente nesses países buscará investimentos com taxas de retorno maior, por conta das altas taxas de juros. O relatório adverte que isso é um problema, porque essa entrada de divisas está sendo usada para estimular o consumo interno, com o aumento do crédito, em vez de gerar investimentos em capacidade produtiva, aumentando as pressões inflacionárias.

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