sábado, 16 de julho de 2011

Exame de DNA comprova que herdeiros de dona do jornal Clarín não foram bebês roubados na ditadura

Os irmãos Noble, Felipe e Marcela
Exames realizados pelo Banco Nacional de Dados Genéticos da Argentina revelam que os herdeiros da proprietária do grupo jornalístico Clarín, Ernestina Herrera de Noble, de 86 anos, não são filhos biológicos de militantes de esquerda eliminados pela ditadura militar entre os anos de 1975 e 1976. A comparação do material (sangue e saliva) coletado dos irmãos Felipe e Marcela de Noble mostra que os DNAs não são compatíveis com as famílias de mais de 50 desaparecidos na última ditadura militar (1976-83), cujos filhos foram sequestrados pelos militares. Os dados genéticos comparados, referentes aos anos de 75 e 76, estavam registrados no banco de dados, como determina a lei argentina. No início desta semana, um outro exame realizado no mesmo local tinha confirmado que os herdeiros da dona do jornal Clarín não eram filhos biológicos de duas famílias de desaparecidos que reivindicavam a paternidade judicialmente há uma década. O caso dos filhos adotivos de Ernestina Herrera de Noble, há dez anos na Justiça, virou uma batalha que envolve diretamente o governo Cristina Kirchner. A presidente peronista populista Cristina Kirchner promove uma perseguição total ao grupo Clarin. Um dos capítulos da briga da Casa Rosada com a imprensa está na acusação de que a dona do maior jornal da Argentina cometeu crime de lesa-humanidade pela suspeita de ter adotado em 1976 dois bebês sequestrados pelos militares. O processo contra a dona do maior conglomerado de mídia da Argentina foi aberto por Estela de Carlotto, presidente das Avós da Praça de Maio. As acusações são corroboradas pelo governo desde 2008, após rompimento dos Kirchner com o grupo. Os militares da ditadura argentina criaram um plano sistemático de sequestro de bebês: mais de 500 filhos de militantes de esquerda foram roubados após a morte dos pais. As Avós da Praça de Maio já conseguiram identificar 103 "netos". Segundo informações do registro de adoção dos herdeiros de Ernestina Herrera de Noble, eles nasceram entre março e abril de 1976. A defesa de Ernestina Herrera de Noble diz que a Justiça concedeu a guarda de Marcela em maio de 1976, enquanto a legalização da adoção de Felipe ocorreu em julho do mesmo ano. Segundo os advogados da proprietária do Grupo Clarín, os resultados derrubam todas as acusações do governo e de entidades de direitos humanos.

Nenhum comentário: