quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Dilma diz que não aceita "presente de grego" do Congresso

A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira em Pernambuco que teme que projetos do Congresso que preveem aumento de gastos na área da segurança e da saúde sejam um "presente de grego", já que não definem como será o financiamento das novas despesas. A declaração foi feita a emissoras de rádio do Estado na chegada da presidente a Caruaru (136 quilômetros de Recife). Dilma também disse que o momento, marcado pela crise internacional, não é adequado para a aprovação da Emenda 29, que regulamenta os recursos para a saúde, e da PEC 300, que cria um piso salarial para policiais e bombeiros. "Não quero que me deem presentes de grego. Presente de grego eu não quero. Agora, eu quero um presente para a saúde que é o seguinte: eu quero saber como é que todo o investimento necessário para garantir que nosso povo tenha saúde de qualidade vai sair?", questionou. Dilma comentou especificamente o caso da Emenda 29. Disse que gostaria que ela fosse aprovada, mas que também gostaria que os congressistas tivessem a "firmeza de aprovar a origem do recurso". "O objetivo do governo federal é garantir saúde de qualidade, gratuita e universal, mas o caso da saúde não se resolve só com a Emenda 29. Acho uma temeridade alguém achar que só aprovando uma lei que define um percentual de gastos dos Estados, que define o que é gasto em saúde e o que não é, vai resolver o problema". A presidente também falou sobre as obras de transposição das águas do rio São Francisco, uma das maiores obras em andamento no Nordeste. Dilma disse que reconhece que as obras sofreram atrasos e que elas serão inauguradas por etapas, a partir do fim de 2012. Umas das etapas, um trecho entre Pernambuco e o Ceará, deve ser inaugurado em 2015, segundo a presidente. Questionada por jornalistas se pretende inaugurar essa etapa em um eventual segundo mandato, Dilma respondeu: "Nunca se sabe". A presidente também declarou que não haverá redução em investimentos e em programas sociais, como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), em razão dos cortes orçamentários anunciados ontem, em Brasília, pelo ministro Guido Mantega (Fazenda). Segundo Dilma, a elevação em R$ 10 bilhões da meta de superavit primário abre espaço para a redução das taxas de juros no País e que não haverá cortes nos investimentos decorrentes da economia maior. "Nós queremos que, a partir deste momento, nós comecemos a ter no horizonte a possibilidade de redução dos juros", disse Dilma. "Nós abrimos o caminho [para] que tenha juros que sejam juros cadentes, ou seja, juros que comecem a cair", afirmou ela, que considerou as taxas brasileiras como "uma das mais altas".  Na segunda-feira o governo anunciou elevação em R$ 10 bilhões na meta de superavit primário deste ano, para R$ 127,9 bilhões. No início do ano, o governo já havia anunciado um corte de gastos no Orçamento de R$ 50 bilhões. O governo justificou a medida como necessária em função da crise econômica global e que abre espaço para uma flexibilização da política monetária. A presidente ainda afirmou que a crise econômica mundial que pode proporcionar ganhos ao Brasil. "Temos a convicção de que crise a gente não enfrenta se apequenando, se atemorizando, sendo covarde; a gente enfrenta é com coragem. Coragem significa ter consciência da nossa força e ter a firme determinação de que temos todas as condições de transformar essa crise em um outro momento de salto para o Brasil."

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