terça-feira, 16 de agosto de 2011

Documentos da CIA revelam erros na invasão da Baía dos Porcos

Documentos ultrassecretos da CIA divulgados na segunda-feira revelam novos detalhes sobre a tragédia de erros dos Estados Unidos na invasão da Baía dos Porcos (1961), em Cuba, incluindo relatos de fogo amigo derrubando aviões americanos no calor da batalha. Os arquivos desclassificados podem ser consultados no site do NSA. Também se tornaram públicos os relatos oficiais sobre a cooperação de países latinos contra Fidel Castro, a resistência da agência de inteligência americana contra o caráter secreto da operação e vários outros episódios inéditos ou pela primeira vez contados pela própria investigação que a CIA conduziu depois do fracasso da invasão. Os arquivos foram obtidos pelo grupo National Security Archives (NSA), de Washington, que processou a CIA pela liberação do material. "Esses são alguns dos últimos arquivos que continuavam secretos sobre a agressão dos Estados Unidos a Cuba", disse Peter Kornbluh, que dirige o projeto do NSA sobre os cubanos. O processo na Justiça foi iniciado por volta do aniversário de 50 anos da invasão da Baía dos Porcos, em abril, e ainda não terminou. Um último volume da "História Oficial da Operação da Baía dos Porcos" continua em poder da agência. No material, o historiador oficial da CIA, Jack Pfeiffer, joga a responsabilidade pelo fiasco para o presidente John Kennedy (1961-63), que proibiu terminantemente uma invasão aberta. Ao mesmo tempo, porém, ele documentou extensamente erros dos agentes da CIA. Um deles foi fornecer para exilados recrutados para a operação aeronaves B-26 configuradas para se confundirem com a Força Aérea cubana - o que fez com que os pilotos não conseguissem distinguir colegas dos inimigos. "Acabamos atirando contra dois ou três aviões americanos", relata no material o oficial Grayston Lynch: "Atingimos alguns porque, quando vieram para cima de nós, só víamos silhuetas". A "História Oficial" documenta a contrariedade da agência. Planejadores declararam em reuniões internas que "o conceito original da operação é visto como inatingível diante do controle que o ditador Fidel Castro instituiu". "O segundo conceito (1.500-3.000 homens para conquistar uma praia) também é considerado inatingível, exceto como ação conjunta da agência e do Departamento da Defesa", continuam. Kennedy não chegou a ser informado nesses termos, e com apenas a CIA a frente de 1.200 homens, a invasão foi esmagada.

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