sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Escuta da Polícia Federal assegura que acusados usavam sala do Ministério do Turismo


Escutas da Polícia Federal revelam que os acusados de desvio de verbas no Ministério do Turismo tinham livre acesso ao ministério para, segundo a investigação, fraudar prestação de contas dos convênios. Segundo diálogos gravados, os donos da ONG Ibrasi chegaram a usar a sala do assessor do secretário-executivo da Pasta, Frederico da Silva Costa, chamado de "bambambã" e "reverendo", para combinar uma defesa às investigações do Tribunal de Contas da União. As gravações mostram que a estratégia era coordenada pelo advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União, e seu sócio Romildo Olgo. Os documentos apresentados pelo ministério e pela entidade ao Tribunal de Contas da União deveriam ficar "de acordo". Uma auditoria feita pelo TCU foi o berço da Operação Voucher, deflagrada na última terça-feira. Em diálogo com um dirigente do Ibrasi, Romildo Olgo, um dos sócios de Tiago diz ter acertado com uma servidora do Ministério do Turismo o alinhamento das defesas. "Nós conversamos ontem com a dra. Kérima lá do Ministério e ajustamos, alinhamos, para na próxima semana obter mais alguns dias de prazo lá para eles no Ministério e na próxima semana a gente alinha as defesas", diz Romildo na gravação. Em outra escuta, a contratação de Tiago Cedraz é mencionada como um trunfo pelo diretor-executivo do Ibrasi, Luiz Gustavo Machado. "Agora eu só quero que você saiba o seguinte. O Dr. Tiago é aquela pessoa que eu te falei quem é, tá certo? (...) Com ele, não tem que ter argumento (...). Com ele você vai falar: 'a verdade é essa', agora podemos responder que tecnicamente A, B, C, D, tá certo?", diz Machado em conversa com a mulher, Maria Helena Necchi. No trecho seguinte da gravação, Maria Helena pergunta se deve "falar a verdade" ao advogado pelo telefone. "Meio complicado, mas você fala assim: 'nós estamos aguardando para poder começar por ajustes políticos', ele vai entender, pronto", responde Luiz Gustavo Machado, exibindo receio de escutas. Grampo feito pela Polícia Federal também revela uma conversa com Antônio dos Santos Júnior, assessor do secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederido da Silva Costa, em que Luiz Gustavo diz ter marcado uma reunião com "o dr. Fred" e o "dr. Cedraz". "Temos uma novidade boa. Ficou marcada uma reunião aqui para quarta-feira, com o dr. Fred, o dr. Milton mais o dr. Cedraz". Segundo relatório da Polícia, o encontro foi frustrado por coincidir com a data da posse da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. A Polícia Federal também flagrou Olgo tentando tranquilizar a cúpula da ONG sobre as investigações. "Bom, no tribunal de contas nós sabemos tudo o que está se passando", disse o advogado.

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