sábado, 20 de agosto de 2011

Funai tenta impedir conflito entre índios e fazendeiros no Mato Grosso do Sul

A Funai (Fundação Nacional do Índio) tenta impedir que um protesto de indígenas no Mato Grosso do Sul termine em confronto violento com fazendeiros da região. Um grupo com cerca de 60 índios teria ocupado, no último dia 7, uma área na fronteira entre duas fazendas no município de Iguatemi, a cerca de 470 quilômetros ao sul de Campo Grande, perto da fronteira com o Paraguai. Eles reivindicam a terra, que tem cerca de 20 mil hectares e hoje pertence às fazendas Santa Rita e Maringá. Desde 2005, a área é objeto de estudo do grupo de identificação e delimitação de terras indígenas da Funai. O assessor-técnico da coordenadoria da Funai em Ponta Porã, Thiago Cavalcante, afirmou que avisou os responsáveis pelas fazendas a respeito da presença dos índios e pediu que não haja um despejo violento. "É uma região com histórico bastante violento, os aparelhos do Estado estão relativamente longe", explicou o técnico, que não descarta um desfecho violento da situação. Na terça-feira, a Polícia Federal realizou uma diligência nas fazendas, mas, segundo a assessoria de comunicação da delegacia da Polícia Federal em Naviraí, os agentes não encontraram vestígios do grupo, que pertence à etnia kayowá. Segundo o antropólogo, que é descendente da mesma etnia e mantém contato próximo com o grupo, os kayowá reivindicam a área pois teriam vivido no local até a década de 70, quando foram deslocados para um acampamento com cerca de 1.800 hectares. Hoje, os mais de 2.000 membros da tribo vivem em condições precárias na reserva ou espalhados por outras tribos. Em dezembro de 2009 houve uma tentativa semelhante de ocupação, com o objetivo de pressionar o governo a acelerar o processo de identificação de terras no Estado, mas terminou na expulsão forçada dos indígenas. Os índios foram amarrados, vendados e transportados em um caminhão de transporte de bois até uma reserva indígena distante cerca de 70 quilômetros do local. No domingo (dia 14), o acampamento atual do grupo foi destruído, segundo a Funai. Cavalcante explicou que a Funai no Estado tem seis grupos técnicos de identificação e delimitação de terras indígenas, mas todo o procedimento está centralizado em Brasília. A previsão, segundo ele, é de que a decisão sobre as áreas possa ser publicada no "Diário Oficial da União" neste semestre ou no próximo ano. A fazenda Santa Rita pertence à família do prefeito de Iguatemi, José Roberto Felippe Arcoverde (PSDB).

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