terça-feira, 16 de agosto de 2011

General afirma que Jobim é prepotente e "já foi tarde"

A queda de Nelson Jobim do Ministério da Defesa, no último dia 4, trouxe à tona o ressentimento de oficiais das Forças Armadas com supostas humilhações impostas a militares pelo ex-chefe. Um artigo do general reformado Luiz Gonzaga Schroeder Lessa, ex-presidente do Clube Militar, expõe mágoas da caserna e afirma que o ex-ministro tinha "psicótica necessidade de se fantasiar de militar" e "já vai tarde". O texto foi publicado no site da Academia Brasileira de Defesa e circula desde o fim de semana em blogs de militares. Escrito como desabafo dirigido a Jobim, sugere que parte da classe se sentiu vingada com sua demissão. "Como um dia é da caça e outro do caçador, o senhor foi expelido do cargo de forma vergonhosa, ácida, quase sem consideração a sua pessoa, repetindo os atos que tantas vezes praticou com exemplares militares que tiveram a desventura de servir no seu ministério", diz o blog. "Por tudo de mal que fez à Nação, enganando-a sobre o real estado das Forças Armadas, já vai tarde. Vamos ficar livres das suas baboseiras, das suas palavras ao vento, das suas falácias", acrescenta o general da reserva. O general afirma que o perfil do ex-ministro publicado pela revista "Piauí" "retrata com fidelidade" o "seu ego avassalador, que julgava estar acima de tudo e de todos, a prepotência, a arrogância e a afetada intimidade com os seus colaboradores". Na reportagem, que precipitou a demissão do ex-ministro, Jobim chamou a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) de "fraquinha" e disse que Gleisi Hoffmann (Casa Civil) "nem sequer conhece Brasília". Em outro trecho, que irritou os militares, a repórter narra uma cena em que ele usa tom ríspido para dar ordens ao almirante José Alberto Accioly Fragelli, diante de outros oficiais e de civis. O artigo critica o ex-ministro por posar de farda, "envergando uniformes que não lhe cabiam não apenas por seu tamanho desproporcional, mas, também, pela carência de virtudes básicas". O oficial ainda ataca a Estratégia Nacional de Defesa, principal projeto de Jobim na pasta: "Megalômana, sem prazos e recursos financeiros delimitados. Suas promessas de reaparelhamento e modernização não se realizaram. Só palavrório, discursos vazios, promessas que não se cumpriram, enganações e mais enganações". Lessa elogia a presidente Dilma Rousseff, que estaria comandando as Forças Armadas "na plenitude da sua competência", mas critica a escolha do novo ministro da Defesa, Celso Amorim. O diplomata é descrito como "sem afinidade com as Forças, alheio aos seus problemas e necessidades mais prementes" e "com notória orientação esquerdista": "Como no Brasil tudo o que está ruim pode ficar ainda pior, vamos ter que aturar o embaixador Amorim".

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