quarta-feira, 17 de agosto de 2011

InCor testa novo tratamento para baixar pressão

O InCor (Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP) vai testar um novo tratamento para pacientes que não conseguem controlar a pressão arterial com medicamentos. Segundo o cardiologista Luiz Bortolotto, diretor da Unidade de Hipertensão do InCor, a primeira pessoa deve ser submetida ao procedimento até o fim deste mês. Na fase inicial, 20 pacientes serão tratados. A técnica usa um cateter inserido pela virilha que vai até a artéria renal. Lá, o aparelho emite ondas de alta frequência que fazem uma ablação ("queima") dos nervos que levam estímulos aos rins. Esses nervos fazem parte do sistema nervoso simpático. Uma de suas funções é o controle da pressão arterial. Quando o volume do sangue aumenta, e também a pressão arterial, os estímulos desse sistema são inibidos e os rins eliminam água e sódio, reduzindo a pressão. Em algumas pessoas, os estímulos do sistema simpático são hiperativos, e os rins não recebem a ordem de reduzir o volume de líquido em circulação. Bortolotto afirma que condições como a apnéia do sono (paradas respiratórias durante a noite) podem levar a uma hiperatividade do sistema simpático: "O estímulo acontece por causa da diminuição da oxigenação". Quando o aparelho "queima" os nervos renais, é possível reduzir a pressão e o número de remédios que a pessoa tem de tomar por dia. Em uma pesquisa publicada em 2010 na revista "Lancet", com 106 pessoas, 84% das que foram submetidas à nova técnica tiveram redução significativa da pressão. Segundo Bortolotto, não há efeitos colaterais graves: "As complicações são as de qualquer cateterismo, hematomas, sangramento". A técnica só é aplicada em pessoas que não conseguem controlar a pressão mesmo usando mais de três medicamentos por dia. De acordo com o médico americano Thomas Lohmeier, professor da Universidade do Mississipi, os pacientes com hipertensão resistente são, em geral, obesos e mais velhos.

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