sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Petistas temem que "faxina" de Dilma carimbe gestão de Lula como "corrupta"

A "faxina" no governo da presidente Dilma Rousseff, que já derrubou quatro ministros em dois meses e doze dias, causa extremo desconforto no PT. Dirigentes do partido, senadores, deputados e até ministros temem que, com a escalada de escândalos revelados nos últimos meses, especialmente nas pastas dos Transportes, do Turismo e da Agricultura, o governo de Lula acabe carimbado como corrupto. Todos os abatidos foram "herdados" de Lula. Em conversas a portas fechadas, petistas criticam o estilo de Dilma, a "descoordenação" na seara política e o que chamam de "jeito duro" da presidente. Uma das frases mais ouvidas nessas rodas é: "Temos de defender o nosso projeto e o Lula". Mesmo os que não defendem abertamente a volta de Lula na eleição de 2014 dizem que Dilma está comprando brigas em todas as frentes, do Congresso ao movimento sindical, sem perceber que, com sua atitude, alimenta o "insaciável leão" do noticiário e incentiva o tiroteio entre aliados. Na avaliação de petistas, o poderoso PMDB, que na quarta-feira perdeu o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, não é confiável e acabará dando o troco a qualquer momento. Dilma chamou ministros do PT e dirigentes do partido para uma conversa no domingo à noite, no Palácio da Alvorada. Chegou a telefonar para os que estavam fora de Brasília e ordenou que todos chegassem mais cedo à capital. A presidente pediu o encontro para ouvir a avaliação dos auxiliares sobre a crise na base aliada. Ela contou ali sobre a reunião com Lula na semana anterior, admitiu a necessidade de se reaproximar dos partidos que compõem a coligação e avisou que teria um tête-à-tête no dia seguinte com o vice-presidente Michel Temer e com os líderes do PMDB na Câmara e no Senado. Àquela altura, a situação de Rossi era considerada complicada, mas ainda não havia sido divulgada a notícia do uso do jatinho de uma empresa que tem negócios com o governo pelo então ministro, afilhado de Temer. Com receio da reação de Dilma, conhecida pelo temperamento explosivo, alguns ministros pontuaram, com todo o cuidado, os problemas de relacionamento no Congresso após as demissões e citaram o PMDB e o PR. As alianças para as eleições municipais de 2012 também entraram na conversa.

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