quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Petrobrás já perdeu quase o mesmo valor da capitalização

A crise mundial derrubou o valor de mercado da Petrobrás, que se aproxima do nível anterior à apresentação das ações do pré-sal na capitalização recorde de R$ 120 bilhões do segundo semestre do ano passado. O valor de mercado da estatal atingiu, na segunda-feira, R$ 258,9 bilhões. Em 23 de setembro do ano passado, véspera da capitalização, o valor era de R$ 252,6 bilhões. O maior valor de mercado da Petrobrás desde o anúncio da descoberta da camada petrolífera do pré-sal foi de R$ 413,3 bilhões, em 8 de março. Em cinco exatos meses desde o seu maior valor, a perda atingiu R$ 154,4 bilhões. Para o economista Edmar de Almeida, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a crise abre perspetiva de queda no preço do petróleo, "o que desvaloriza qualquer empresa do setor": "No caso da Petrobrás, a situação é mais grave porque ela está mais alavancada do que o resto do mercado, tem muitos investimentos. É a empresa de petróleo que mais investe no mundo. Uma situação de grande investimento em período de incerteza coloca a empresa em posição de fragilidade". Divulgado em julho, o plano de negócios da Petrobrás para o período 2011-2015 estipula US$ 224,7 bilhões em investimentos. Almeida observa que, no Brasil, o investidor estrangeiro está exposto a um evidente risco cambial: "Como o real está muito valorizado, isso implica a perspectiva de desvalorização do real em algum momento. O preço da ação leva em consideração o risco do investimento". De acordo com estudo divulgado pela consultoria Economática, o patrimônio líquido da Petrobrás era de R$ 306,7 bilhões no último dia de 2010. Na data, o valor de mercado da petroleira era R$ 380,2 bilhões. Ou seja: o valor de mercado era 24% maior que o patrimônio liquido. A correlação mudou com a crise global. Segundo a consultoria, embora a Petrobrás ainda não tenha publicado o balanço de junho de 2011, é possível calcular uma queda expressiva do valor da empresa em bolsa, em relação ao patrimônio líquido. O cálculo vincula o patrimônio liquido de março deste ano, de R$ 314,7 bilhões, com o valor de mercado em 8 de agosto, de R$ 258,9 bilhões. Se antes valia mais em comparação com o patrimônio líquido, agora o quadro é bem diferente. Ela vale na bolsa 82,3% do patrimônio liquido. A companhia realizou em 2010 a maior operação de aumento de capital da história, ao levantar R$ 120 bilhões (US$ 69,9 bilhões à época) pela emissão de cerca de 4 bilhões de ações nas Bolsas de São Paulo e Nova York. A oferta levou-a do quarto para o segundo lugar entre as empresas de energia com ações em bolsa, atrás apenas da Exxon Mobil.

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