domingo, 14 de agosto de 2011

Presidente do Banco Mundial alerta para fase "mais perigosa" da economia

O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, alertou para um momento "novo e mais perigoso" para a economia global, no qual os países desenvolvidos possuem espaço menor de manobra diante da crise de dívida que atinge a Europa. Zoellick disse que as questões envolvendo a crise soberana da zona do euro são mais preocupantes do que os problemas de "médio e longo prazo" que levaram a agência de classificação de risco Standard & Poor's a rebaixar a nota de crédito dos Estados Unidos na semana passada. "Nas últimas semanas o mundo moveu-se de uma problemática recuperação de diferentes velocidades, com os mercados emergentes e poucas economias, como a Austrália, apresentando bom crescimento, e os mercados desenvolvidos se debatendo", disse ele em entrevista ao jornal Weekend Australian. Zoellick observou que o nível de endividamento das pessoas é menor atualmente do que na crise do crédito de 2007/2008 e que agora também não há o fator surpresa, mas destacou que o espaço de manobra é muito menor agora: "A maior parte dos países desenvolvidos já utilizou o espaço fiscal disponível e a política monetária está o mais flexível possível". Segundo Zoellick, a estrutura da zona do euro "pode passar a ser o mais importante" desafio do mundo. As atitudes tomadas pela União Européia até o momento estão aquém do necessário: "A lição de 2008 foi a de que quanto mais se demora para agir, mais é preciso fazer". Ele pediu ao primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, que não volte atrás das medidas de austeridade anunciadas em consequência dos protestos recentes, afirmando que os cortes de gastos são "realmente necessários". Os mercados despencaram nesta semana com rumores de que a classificação de risco da França seria rebaixada em consequência da crise de dívida soberana dos países periféricos da Europa, que se iniciou na Grécia no ano passado e já levou Portugal e a Irlanda a recorrerem ao suporte financeiro externo. Nas últimas semanas, o foco das preocupações migrou para Espanha e Itália, obrigando o governo de ambos países a acelerar programas de ajuste fiscal. A crise se acentuou com conclusões de que a França poderia perder sua nota máxima AAA, de capacidade de pagamento de suas dívidas, levando o também o país a aprofundar as medidas de contenção de gastos. Os investidores questionam se a França e a Alemanha, as duas maiores economias da zona do euro, podem continuar subscrevendo a dívida de outros países da zona do euro sem perderem suas notas máximas de crédito AAA e sem serem também vítimas da crise.

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