quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Refúgio literário de Jorge Luis Borges, café Richmond fecha em Buenos Aires

As cadeiras elegantes de estilo inglês do café Richmond de Buenos Aires já foram muito foram usadas por intelectuais, artistas e escritores argentinos, entre eles Jorge Luis Borges. Mas, agora, o histórico recinto está vazio, sem o ruído de vozes que se tornaram tão famosas. A lendária "confitería", como era chamada na Argentina, localizada na rua Florida, bem no centro da capital, fechou as portas para dar lugar a uma loja de roupas de uma companhia americana. Em 1920 e nos anos seguintes, o poeta e ensaísta Borges, então com 25 anos, reunia-se no local com os demais escritores de sua geração, o grupo literário da Richmond, em um verdadeiro ritual diário, a partir das sete horas da noite. De pé, junto às mesas, cantavam a ária "La donna è mobile" da ópera Rigoletto, de Giuseppe Verdi, substituindo a letra original por um hino próprio. Anos mais tarde, em seu romance "Rayuela", o escritor argentino Julio Cortázar pôs um de seus célebres personagens, tomando café na tradicional cafeteria. Incluída entre os 54 cafés notáveis de Buenos Aires, com valor histórico próprio, a Richmond foi ocupada na terça-feira por seus empregados, a maioria com mais de 30 anos de trabalho na casa. "Trabalho aqui há 40 anos e estou numa situação de desespero. Levaram tudo. Deixamos a Richmond na noite de sábado e na manhã de domingo estava fechada", lamentou o maitre Luis Ángel.

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