segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Decisão do Banco Central pode esconder preocupação com bancos e empresas

A decisão do Banco Central de cortar 0,5 ponto percentual nos juros que servem de referência para economia deixou em aberto uma possível preocupação do governo com a saúde financeira de bancos e empresas, em um cenário de menor crescimento. O questionamento, que tem ganho força nas mesas de operações de bancos e corretoras, vem do fato de que após a divulgação do crescimento de 0,8% da economia no segundo trimestre, as informações financeiras das instituições que operam no País são, atualmente, um dado que só o Banco Central dispõe e, portanto, poderia ter influenciado a decisão do Copom, na semana passada. A situação atual remete à polêmica vivida no segundo semestre do ano passado, quando a descoberta de fraudes no banco PanAmericano e a ameaça de uma crise nas instituições financeiras de pequeno e médio portes pesaram na decisão do Banco Central de interromper o ciclo de alta dos juros, às vésperas da eleição e sem um horizonte claro para inflação. Na época, a primeira interpretação foi de ingerência política. Os reais motivos que levaram os diretores aquela decisão só foram conhecidos, no entanto, no final de novembro quando o então presidente da instituição, Henrique Meirelles, antes de sair do governo, revelou o peso que o medo dos desdobramentos do caso Panamericano em reunião com economista teve para o Banco Central. Agora, a dúvida sobre razões financeiras (e não econômicas) reapareceram como um motivo que poderia justificar a posição surpreendente do Copom de se antecipar a um baque no crescimento em 2012, que ainda não seria garantido.

Nenhum comentário: